terça-feira, 21 de setembro de 2010

No Brasil: Governo não tem planos para energia solar no médio prazo

Para a EPE, é preciso esperar preços abaixarem para traçar investimentos
Por Luciano Costa, de São Paulo

 
Investimentos em energia solar não estão nos planos do governo - pelo menos pelos próximos dez anos. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) - órgão do Ministério de Minas e Energia responsável pelo planejamento do setor - não inclui a fonte no Plano Decenal de Energia 2010-2020, que está sendo elaborado para traçar os rumos da expansão da matriz brasileira.
De acordo com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, usinas fotovoltaicas aparecem somente no horizonte de longo prazo, que aponta para 2030. O PDE 2020 deve ser divulgado até o final deste ano pelo órgão.
"Teremos que ver como será, inicialmente, a inserção da fotovoltaica na matriz. Porque ela é descentralizada. Hoje, as distribuidoras já podem contratar essa energia, mas tem a questão do preço", explica Tolmasquim. O valor estimado para o MWh de energia gerada pelo sol no Brasil gira atualmente na casa dos R$600 - contra R$77,97 por MWh da energia de Belo Monte e uma média de R$130 por MWh dos parques eólicos contratados no último leilão de fontes renováveis.
Para o presidente da EPE, o governo precisa "esperar o momento certo" para iniciar uma política de incentivo à fonte, a exemplo do que foi feito com a energia eólica, que teve seus primeiros parques viabilizados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). "Não tem porque onerar o consumidor se hoje temos outras fontes limpas, como a eólica, em preços baratos", argumenta Tolmasquim.
O executivo do governo afirma que, ao menos por enquanto, a ideia é aguardar a geração fotovoltaica atingir "um preço razoável" para, aí sim, começar a pensar na estratégia de contratação, que poderia ser por meio de leilões.