segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Energias limpas: um mercado de 40 bilhões

Por Júlio Santos, da Agência Ambiente Energia - O planejamento setorial já cantou a pedra, pelo menos no discurso, de que as fontes renováveis e alternativas terão papel prioritário no futuro da matriz energética do país. A meta é ter uma participação de 20% nos próximos anos. Com o forte apelo de fontes como eólicas, usinas à biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, os investidores estão diante de boas perspectivas de negócios.
“Se conseguirmos equacionar as condições de competitividade e de incentivos, podemos falar em algo como R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos”, diz Charles Lenzi, presidente executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), a nova  denominação  da APMPE (Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores de Energia Elétrica).
Além da mudança de novo, a entidade passa a atuar a partir de agora com uma nova estrutura de gestão, criando um conselho de administração, composto por 18 conselheiros, que representam as empresas associadas e uma presidência executiva. O objetivo é atuar para refletir o posicionamento dos associados como investidores de fontes de energia limpa.
A agenda da Abragel para o biênio busca garantir a competitividade do setor, o que envolve aspectos tributários política industrial com custos de equipamentos e tecnologia, financiamento (prazos e custos), redução de prazos de tramitação dos projetos, atuação na regulação e legislação inclusive da área ambiental. “Todos os pontos são importantes e precisam ser tratados com muita atenção”, diz Lenzi nesta entrevista exclusiva à Agência Ambiente Energia.

Agência Ambiente Energia – No lugar de APMPE, Abragel. Quais as justificativas para a mudança de nome?
Charles Lenzi - A mudança de nome é parte de uma estratégia de modernização e de renovação. Queríamos que o nome da associação refletisse mais o espírito de seus associados, que são empreendedores engajados na geração sustentável de energia elétrica, cujas fontes são a PCH, a eólica, a biomassa e a solar, todas geradoras de energia elétrica limpa.
Agência Ambiente Energia – O que mudará na linha de atuação da entidade a partir de agora?
Charles Lenzi - Durante os seus 10 anos de existência, a APMPE prestou serviços aos seus associados e ao setor elétrico do país, participando ativamente de todos os debates que consolidaram o modelo do setor como ele é hoje. Queremos continuar esta ação buscando maior eficácia e por isso, mudamos nossa estrutura de gestão, criando um conselho de administração, composto por 18 Conselheiros, que representam as empresas associadas e uma presidência executiva.

Agência Ambiente Energia – Com o nome energia limpa, a entidade vai abordar também outras fontes como as eólicas e as usinas à biomassa. Estas fontes já têm suas associações específicas. Isso não pode gerar um choque e enfraquecer a atuação de todas?
Charles Lenzi - Uma grande parte dos associados da Abragel já atua em várias fontes de geração de energia elétrica limpa e, portanto, é natural também defendermos seus interesses nesses segmentos, buscando sempre a isonomia entre as fontes e a sua competitividade. Com relação às associações, trabalhamos em harmonia com cada uma delas e pretendemos manter essa parceria.

Agência Ambiente Energia – Por falar em outras fontes, hoje, como os últimos leilões mostraram, as eólicas se tornaram muito competitivas, tirando mercado das PCHs no Ambiente Regulado. Por que as pequenas usinas são hoje “os patinhos feios” do mercado?
Charles Lenzi - A competitividade das PCHs está profundamente afetada pelos altos custos de implantação quando comparadas com outras fontes que, em algumas circunstâncias e em determinadas regiões, contam com vantagens fiscais e tributárias, além de alternativas de financiamento.
Agência Ambiente Energia – O que as PCHs precisam para voltar a ser tão competitivas quanto às eólicas?
Charles Lenzi - O mais importante é garantir que haja isonomia e igualdade de condições em todos os aspectos. Entendemos que existe espaço para todas as fontes e os desafios para o futuro em termos de desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas passam, necessariamente, pela solidificação de um modelo que privilegia o uso de fontes limpas de geração de energia elétrica. Por isso, além de fazermos nosso dever de casa em busca de melhores alternativas de custo, precisamos contar também com políticas públicas de incentivo.
Agência Ambiente Energia – Um dos focos para 2010/2011 é a competitividade do setor, o que envolve aspectos tributários política industrial com custos de equipamentos e tecnologia, financiamento (prazos e custos), redução de prazos de tramitação dos projetos, atuação na regulação e legislação inclusive da área ambiental. Como será esta atuação da Abragel?
Charles Lenzi – Vamos participar ativamente de todas as discussões neste sentido e atuar diligentemente na busca da defesa dos interesses dos nossos associados.
Agência Ambiente Energia – Destes pontos citados acima, onde é que o “sapato” das energias limpas mais aperta?
Charles Lenzi - Todos os pontos são importantes e precisam ser tratados com muita atenção.
Agência Ambiente Energia – Se no Ambiente Regulado as PCHs não têm tido muito espaço nos últimos tempos, a saída é o Mercado Livre. Quais são as oportunidades de negócios neste ambiente de contratação?
Charles Lenzi - A retomada do crescimento do país e a sua manutenção de forma sustentável nos próximos anos vão propiciar muitas oportunidades de negócio para as fontes limpas.

Agência Ambiente Energia – O planejamento está com um forte discurso para as fontes renováveis e alternativas. Como o senhor avalia o potencial de crescimento da nossa matriz usando estas fontes?
Charles Lenzi - Em primeiro lugar é importante parabenizar a inclusão das fontes alternativas e renováveis no planejamento da expansão da geração de energia elétrica. Isto nos coloca um desafio significativo, mas factível, que é de chegar a 20% de representatividade da matriz elétrica brasileira num prazo de 20 anos.
Agência Ambiente Energia – Nos próximos 10 anos, dá para estimar o quanto de negócio será possível fazer com as energias limpas?
Charles Lenzi - Se conseguirmos equacionar as condições de competitividade e de incentivos, podemos falar em algo como R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos.