terça-feira, 28 de setembro de 2010

Companhia quer que a cidade, que será sede na Copa do Mundo, tenha tecnologia plenamente adotada até o mundial
Por Luciano Costa

Crédito: Anderson Baldime
A cidade de Curitiba, no Paraná, será uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. De olho na demanda por energia e investimentos que o mundial vai gerar, a Copel traçou um plano que prevê desenbolsos de R$350 milhões para, até lá, implantar no município uma rede elétrica inteligente, por meio da tecnologia mais conhecida pelo termo "smart grids".
"Estamos imaginando investir em tecnologia para melhorar a qualidade e a confiabilidade do sistema por meio de smart grids. Soluções de telemedição, de automação de manobras, de reversão automática de linhas, recomposição automática de subestações, enfim, estamos olhando para diversas ações de automação", revela o diretor de distribuição da companhia, Vlademir Santo Daleffe.
Segundo o executivo, o orçamento para 2010 já contempla R$20 milhões para a área. "A Copel já tem prospectado esse tema (redes inteligentes) há algum tempo. Em 2007 começamos a circular entre as principais empresas do mundo para detectar novidades tecnológicas para implantar no Paraná", explica Daleffe. O diretor afirma que a Copel tem feito diversos testes de soluções na cidade Fazenda Rio Grande, na região Metropolitana de Curitiba. A região serve como um laboratório da estatal paranaense. "Temos hoje 18 tecnologias em testes e, à medida em que elas forem se revelando economicamente viáveis e apresentarem uma perspectiva de ganhos em qualidade, queremos implementá-las em Curitiba", destaca o executivo.
Hoje, a Copel já conta com sistema de telemedição instalado em cerca de 10 mil unidades consumidoras, beneficiando clientes industriais atendidos em alta tensão e moradores de regiões remotas ou de difícil acesso. As faturas emitidas por essas unidades correspondem a 31% do faturamento da companhia. Em 2014, a expectativa é ter medidores eletrônicos em todas casas de Curitiba, com uma rede totalmente automatizada.
A meta da estatal, porém, passa por uma colaboração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso porque, de acordo com Daleffe, a companhia espera por soluções regulatórias para viabilizar os investimentos em smart grids. "É uma questão sobre a qual ainda faltam algumas definições", explica o executivo. Um dos pontos citados pelo diretor da Copel é o sinal de que os investimentos na área serão levados em conta da maneira correta no momento em que a agência calcular o reajuste tarifário.
"A gente sabe que esses medidores eletrônicos têm uma vida útil menor que os eletromecânicos. Isso é um problema muito sério para as empresas investirem. A dificuldade de você implementar isso em grande escala é não ter um sinal tarifário que incentive a empresa a fazer a substituição", exemplifica Daleffe. De acordo com o diretor, o preço dos medidores novos, na casa de R$300, já os tornaria uma opção viável caso a Aneel resolvesse a questão do prazo para amortização dos ativos.
"O investimento necessário para a troca é um montante muito significativo. Enquanto não houver uma sinalização muito forte da Aneel, dificilmente as companhias terão condições de fazer. Por isso as ações têm sido em pontos isolados, de forma experimental", explica Daleffe. "Se a Aneel entende que, para melhorar o fornecimento, o smart grids é importante, ela tem que viabilizar isso".