quinta-feira, 24 de março de 2011

Eletrobras: conservação de energia será negócio efetivo

KELLY LIMA - Agencia Estado
RIO - O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, reafirmou hoje que a priorização da conservação de energia é determinação da presidente Dilma Rousseff, o que deverá ser cumprido em seu mandato. 


"Nós queremos transformar a conservação de energia num negócio efetivo da Eletrobras", disse
Ele ressaltou que há uma enorme possibilidade de ganhos com relação à busca por maior eficiência de equipamentos. "O investimento em eficiência energética deverá tornar-se um diferencial competitivo no setor", afirmou, durante seminário sobre energia, que visa a apresentar oportunidades de investimento no Brasil para empresas britânicas do setor de energia.
Carvalho Neto ressaltou a importância da empresa na criação da infraestrutura necessária para acompanhar o ritmo do desenvolvimento no País. "Nos próximos anos será necessário implementar no Brasil uma capacidade de geração energética equivalente a todo o sistema existente hoje num país como a Inglaterra, por exemplo. E a Eletrobras é fundamental para garantir que este investimento seja feito".
O executivo também fez menção durante sua apresentação à integração entre os sistemas elétricos dos países da América do Sul. "Este programa será capaz de gerar uma capacidade equivalente à toda instalada da Argentina", disse, destacando os investimentos da companhia no exterior, especialmente a construção de usinas no Peru. 
 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Energia limpa: em busca de soluções




Da Agência Ambiente Energia - O Instituto para o Desenvolvimento das Energias Alternativas na América Latina (Ideal) realizará, nos dias 4 e 5 de abril, em Florianópolis (SC), o 2º Seminário “Energia Limpa Conhecimento, Sustentabilidade e Integração – Ideias energéticas e ambientais para o futuro da América Latina”. Segundo os organizadores, o “objetivo do evento é discutir a geração de conhecimento em inovações sustentáveis e integradoras, desenvolvendo soluções para um mundo com grandes desafios sociais e ambientais de forma ampla o suficiente para lidar com as diversidades que enriquecem nossa sociedade”.
A palestra de abertura, no dia 4 de abril, será feita pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Antes da palestra, acontecerá a mesa-redonda “Fontes alternativas na matriz energética da América Latina: já estamos preparados?”, com a participação de Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace Brasil; Cícero Blay, superintendente de Energias Renováveis da Itaipu; Regina Migliori, consultora em Cultura de Paz da Unesco e coordenadora do Núcleo de pesquisas do Cérebro e da Consciência vinculado ao Instituto Migliori; Curt Trennepohl, presidente do Ibama.
O segundo dia de seminário começa com o debate sobre conhecimento, sustentabilidade e integração na América Latina, com representantes de universidades e entidades de países da região. O aproveitamento do lixo para geração de energia também está na pauta com duas palestras: “Lixo: novos desafios com a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, com o consultor em desenvolvimento Sustentável, Walfrido de Assunção Ataíde; e “A experiência de Maldonado na geração de biogás em aterro sanitário”, com Sebastián Bajsa, engenheiro da prefeitura municipal de Maldonado, no Uruguai.
O seminário marcará também o lançamento da terceira edição do concurso de monografias sobre Energias Renováveis e Eficiência Energética – Eco_Lógicas. O evento é gratuito.
Serviço:
O que: Seminário Energia Limpa – Conhecimento, Sustentabilidade e Integração
Quando: 4 e 5 de abril
Onde: Florianópolis – Santa Catarina
Local: Centro de eventos da UFSC, Florianópolis
Inscrições: Gratuitas
Telefone: (48) 3234-1757
E-mail: info@institutoideal.org
Site: http://www.institutoideal.org/

terça-feira, 22 de março de 2011

Aprovada instalação de mais nove parques eólicos no Brasil

Com informações do BNDES 

Aprovada instalação de mais nove parques eólicos no Brasil
Atualmente, os 51 parques eólicos em operação no Brasil possuem capacidade instalada de 937 MW.[Imagem: UDESC] 
 
A diretoria do BNDES aprovou financiamento de R$ 790,3 milhões para a instalação de nove parques eólicos no Brasil.

Oito deles serão construídos no Ceará, com capacidade instalada total de 211,5 MW. O nono parque eólico, em Tramandaí, no Rio Grande do Sul, terá 70 MW de potência instalada.
Energia eólica no Brasil
O crescente apoio do Banco ao setor vem contribuindo para o aumento da capacidade de energia renovável na matriz energética brasileira.
Atualmente, os 51 parques eólicos em operação no Brasil possuem capacidade instalada de 937 MW.
Além destes, outros 18 projetos estão em construção, com mais 500,8 MW para entrar em operação ao longo de 2011, incluindo o parque eólico de Tramandaí.
As autorizações para investimentos em energia eólica cuja construção ainda não foi iniciada já atingem 3.600 MW, distribuídos por 134 projetos.
No BNDES, já foram assinados ou estão em processo de assinatura, incluindo as duas operações recém-aprovadas, 51 contratos de financiamento diretos e indiretos, no valor total de R$ 4,1 bilhões, para a implantação de 1.369 MW. Além desses, outras 44 operações estão em análise, demandando financiamentos da ordem de R$ 3,3 bilhões.
Aerogeradores
Os recursos agora aprovados serão destinados a oito sociedades de propósito específico (SPEs) constituídas pelo Grupo IMPSA em parceria com o Fundo de Investimento do FGTS - FI FGTS, exclusivamente para os projetos. O BNDES financiará, de forma indireta, R$ 562,6 milhões a serem repassados pela Caixa Econômica Federal.
Os parques, situados nos municípios de Acaraú, Itarema e Aracati, terão capacidade de 156 MW, 30MW e 25,5MW, respectivamente, e foram vencedores no segundo Leilão de Energia de Reserva de 2009.
Com isso, tiveram direito a assinar Contratos de Comercialização da Energia com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) por período de 20 anos, com preço médio de R$ 151/MWh ajustado anualmente pela variação do IPCA.
O valor reflete o aumento da concorrência entre os fabricantes de aerogeradores. Esse novo cenário pode ser atribuído à futura instalação de novos competidores no Brasil.
Os aerogeradores utilizados pelos Parques são credenciados pelo BNDES e fabricados na fábrica do grupo IMPSA, Wind Power Energia (WPE), no Complexo de Suape, em Pernambuco.
Os empreendimentos são relevantes para os municípios em termos socioeconômicos. Vão criar 1,2 mil empregos diretos durante a construção e 2,5 mil indiretos, com efeito multiplicador de renda na região. Além disso, haverá aproveitamento da mão-de-obra local, evitando o desemprego, com treinamento e especialização dos empregados.
Venda de energia
O Parque Eólico Elebrás Cidreira 1, no município de Tramandaí, está incluído no Proinfa, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, do governo federal, e receberá do BNDES R$ 227,7 milhões.
Toda a energia do Parque foi vendida para a Eletrobras por um prazo de 20 anos e deverá começar a ser entregue pelas distribuidoras a partir de março de 2011. Os investimentos serão realizados pela Elebrás Projetos S/A, do Grupo EDP.
O projeto, por se tratar de uma fonte de energia renovável, trará benefícios à população e à infraestrutura local, tais como reduzido impacto ambiental, sem a produção de resíduos de qualquer natureza, e ausência de emissão de gases de efeito estufa.
Trará, ainda, efeitos positivos para a economia local. Durante a fase de construção, serão criados 535 empregos diretos.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O desafio da eficiência energética na prática


José Fernando Mendes é gerente de marketing e produtos da área de LEDs e do programa de eficiência energética da Philips Lighting na América Latina

A eficiência energética tem sido tema de diversos encontros e chama a atenção de empresários, autoridades e profissionais da área. Apesar de não ser um tema novo, é de grande interesse público porque envolve e impacta todos os setores da sociedade, entre eles, Governo, empresas e comunidade.

O grande desafio está em acelerar o processo de implementação de ações efetivas. É preciso salientar que a eficiência energética está muito mais acessível do que imaginamos e a prática impactará positivamente toda a sociedade e o meio ambiente.

Na abertura do 7º Congresso Brasileiro de Energia Eficiente, José Starosta, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), ressaltou que a discussão representa uma excelente oportunidade para debater a sobrevivência, “já que o planeta não tem mais condições de suprir o que precisamos”.

No mesmo encontro, o executivo Alexandre Mancuso, da United States Agency – International Development (Usaid), apresentou números significativos. De acordo com ele, “a demanda global por energia crescerá 45% até 2030 (destes, 87% nos países em desenvolvimento), requerendo US$26 trilhões em investimentos.

Diante desse cenário, Mancuso avalia que as práticas que visam à eficiência energética ajudariam a reduzir investimentos em infraestrutura e a aliviar gastos públicos com energia, abrindo espaço para outras prioridades sociais, além de reduzir o impacto ambiental local e globalmente.

Esses dados nos levam à seguinte pergunta: No Brasil, é possível adotar práticas energeticamente eficientes com soluções viáveis à nossa realidade? Para responder a essa questão, vamos utilizar o setor de iluminação como exemplo.

De toda a energia elétrica gasta no mundo, 19% é destinada à iluminação, mas 75% de toda a base instalada já está defasada e ineficiente. No Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há 15 milhões de pontos de iluminação pública. Destes, cerca de 30% ainda utilizam lâmpadas a vapor de mercúrio, os quais podem ser modernizados por sistemas com lâmpadas a vapor de sódio ou mesmo sistemas com LEDs, com vantagens de menor consumo de energia e melhor qualidade de iluminação.

Ainda segundo a Aneel, há no País cerca de 50 milhões de residências. Deste universo, aproximadamente 50% da base instalada é constituída de lâmpadas incandescentes, que são ineficientes.

Portanto há nesse segmento uma grande oportunidade de troca gradual por soluções mais eficientes, como as lâmpadas fluorescentes compactas ou as lâmpadas LED, com ganhos de eficiência de até 80%.

Entre os benefícios estão o menor custo com energia elétrica para o consumidor e a liberação de energia gerada para o País, o que auxilia o processo de racionalização dos elevados investimentos necessários para a construção de usinas geradoras. Na prática, várias ações já estão sendo feitas.

O Governo Federal adotou o Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (ReLuz), que prevê investimentos de R$2 bilhões por parte da Eletrobrás, para tornar eficientes 5 milhões de pontos de iluminação pública e instalar mais 1 milhão no País em 2010. Atingida essa meta, o Governo conseguirá reduzir a despesa dos municípios com iluminação pública em aproximadamente R$ 183 milhões por ano.

O Governo brasileiro também promove a discussão sobre o banimento gradual das lâmpadas incandescentes, para que sejam adotadas soluções residenciais mais eficientes, acompanhando o movimento mundial. A Philips apoia essas iniciativas. Participamos das discussões junto ao Governo via a associação da indústria de iluminação, investimos em pesquisa e desenvolvimento e trabalhamos para trazer as melhores soluções em iluminação para o País.

Estamos comprometidos em ajudar, com ações práticas, a melhoria da eficiência energética no Brasil. Hoje, com o programa mundial Ecovision, temos três objetivos para 2012: gerar 30% do faturamento global da Philips por meio de produtos verdes (em 2006, eram 15%), dobrar o investimento em inovações eficientes para 1 bilhão de euros e aumentar a eficiência energética das nossas operações em 25%.

É preciso ter em mente que, no Brasil, os fatores históricos e culturais nos diferenciam muito de países da Europa que sofreram com grandes períodos de escassez de fontes energéticas. Ainda contamos com recursos em abundância, porém finitos, e por isso não desenvolvemos a habilidade de investimentos a médio e longo prazos. Essa, inclusive, é nossa principal lição de casa.

Por tudo isso, podemos afirmar que iluminação energeticamente eficiente no Brasil é possível sim e acessível agora. Há um leque de soluções eficientes viáveis para os diversos segmentos que podem ser adotadas imediatamente.

O comprometimento deve partir de todos os setores da sociedade, para que uma nova atitude frente a esse cenário seja adotada e, com ela, práticas que transformarão não só nossa economia e o impacto no meio ambiente, mas a maneira como planejaremos e construiremos o futuro do nosso País.

Energia será uma das prioridades do Fundo Nacional de Mudança Climática

Crédito: gettyimages

Orçamento para o fundo é de R$238 milhões, que serão aplicados para reduzir emissões de carbono do País
Da redação

O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), criado pelo governo federal, terá R$238 milhões para investir na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Em reunião do comitê gestor, promovida nesta quinta-feira (16/3), na sede da Embrapa, em Brasília, foi definido que as prioridades para os recursos são para os setores de agricultura, energia e combate ao desamtamento.
Nessas áreas se inserem a maior parte das iniciativas que fazem parte das metas voluntárias assumidas pelo Brasil em 2009 na Convenção do Clima, em Copenhagen, para a redução da emissão das emissões. "No prazo de aproximadamente um mês deveremos ter o detalhamento de como e onde os recursos serão aplicados", afirma o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, que presidiu o encontro. O fundo é um dos principais instrumentos para o financiamento de atividades vinculadas à Política Nacional sobre a Mudança do Clima.
Nos próximos dias, o assunto também será debatido junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco vai dispor R$ 204 milhões em linhas de crédito reembolsáveis e o MMA destinará R$ 34 milhões em recursos não-reembolsáveis para o fundo. Serão contemplados projetos dos setores público e privado e os convênios a serem firmados poderão ter a participação de organizações não-governamentais (ONGs).

sexta-feira, 18 de março de 2011

“Momento é ideal para discutir a pauta energética com EUA”

Três perguntas a Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

O atual cenário internacional — com a ameaça de um desastre nuclear no Japão e a instabilidade constante no Oriente Médio, de onde sai a maior parte do petróleo consumido no planeta — é favorável à pauta energética brasileira, que deve estar entre os temas das conversas entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente americano Barack Obama. “O Brasil não pode perder a oportunidade de cobrar o fim das barreiras ao etanol e de reforçar o fato de que será um grande produtor de petróleo e gás natural daqui a alguns anos”, diz Adriano Pires, referindo-se ao pré-sal e à sobretaxa de US$ 0,54 cobrada pelos Estados Unidos por galão de etanol importado do Brasil.
A cobrança, que deveria ter sido extinta em31 de dezembro de 2010, foi renovada pelo Congresso americano no ano passado e afeta o comércio entre os países. 

O cenário internacional favorece as discussões sobre energia entre Brasil e EUA?

Sim. O Brasil não pode perder a oportunidade de questionar as barreiras impostas pelos Estados Unidos ao nosso etanol. O momento dessa visita é uma grande oportunidade para o Brasil, pois o próprio Obama  está disposto a falar sobre parcerias no setor energético, o que abrange petróleo, gás, etanol e biocombustíveis. 

O risco nuclear no Japão e a instabilidade do Oriente Médio abrem espaço para o Brasil ser fornecedor de energia?

O Brasil tende a ser um grande produtor de petróleo por causa do pré-sal e tem uma vantagem em relação os países que são hoje os grandes produtores: é democrático, tem estabilidade política, não sofre com disputas étnicas ou religiosas, não tem problemas bélicos com os vizinhos e, por isso, é uma fonte confiável para tornar-se fornecedor.

A demanda por petróleo seguirá aquecida, apesar da busca por fontes alternativas?

Sim. Mas, no caso do Brasil, as oportunidades não estão apenas no pretróleo e no etanol. O Brasil pode se projetar na produção de biocombustíveis e na exploração de gás natural, que — depois do acidente nuclear no Japão — tende a ser o substituto do petróleo como fonte de energia porque, apesar de ser um combustível fóssil, é uma opção considerada limpa. 

Fonte: Brasil Econômico
Autor: Elaine Cotta

quarta-feira, 16 de março de 2011

Acidente no Japão põe programas nucleares em xeque em todo o mundo

No Brasil, ministro Lobão garante continuidade da expansão da fonte; na Europa, países suspendem investimentos
Por Wagner Freire
Crédito: Imagens da TV NHK

O forte abalo sísmico que atingiu o Japão na última sexta-feira (11/03), com magnitude 9 na escala Richter, provocou uma série de explosões na usina nuclear Fukushima Daiichi, causando risco de contaminação radioativa no país. Agora, o acidente movimenta a comunidade mundial em torno da segurança de centrais nucleares e seu respectivo futuro.
No Brasil, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, afirmou que a expansão nuclear do País será mantida. Segundo Lobão, as usinas nucleares previstas para serem construídas nos próximos anos possuem blindagens inexistentes nas usinas japonesas. Para ele, não há motivos para o País abandonar seu programa nuclear.
Mas há quem discorde. Para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o mundo deve reavaliar o uso da energia nuclear como matriz energética. "Se elas já sofreram no passado algumas restrições, acredito que agora, com esse problema do Japão, vamos ter que parar um pouco para pensar", avalia Sarney.
Entretanto, especialistas da PUC/RJ e do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP (IAG/USP) citados pela Eletrobras Eletronuclear, responsável pelas usinas nucleares brasileiras, estimam que a probabilidade de ocorrência de um abalo das mesmas proporções de Fukushima na Central Nuclear de Angra, no Rio de Janeiro, é de uma a cada 50 mil anos.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) também posiciona-se e afirma que “acidentes relevantes com usinas nucleares são raros", citando o caso de Chernobyl, há 25 anos. Segundo a CNEN, a tecnologia empregada evoluiu bastante, o que tornaria ainda mais improvável a repetição de algo semelhante.
"As condições extremas causadas pelos abalos sísmicos no Japão não fazem parte da realidade brasileira. Porém, mesmo aqui, as usinas nucleares estão preparadas para problemas que possam eventualmente ocorrer, mesmo com probabilidade muito baixa", argumenta a comissão.
Em comunicado oficial, a CNEN também afirma que os planos brasileiros para a fonte "não devem sofrer alterações" e destaca que "qualquer possível evolução nas condições de segurança resultante da experiência japonesa, caso se mostre necessário, será adequadamente incorporada à realidade nacional após as conclusões técnicas que forem tiradas".
O Jornal da Energia ainda conversou com o ex-presidente da Eletronuclear e pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Zieli Thomé Dutra, que ressaltou que ainda não é possíevl afirmar quais serão as mudanças nas normas e exigências para centrais nucleares. Para o especialista, após acidentes como o japonês, a experiência adquirida se transforma em conhecimento tecnológico e pode ser utilizada nas plantas.
Segundo Dutra, essas determinações de segurança variam de nível conforme a localização de cada usina. “As mudanças certamente acontecerão, mas isso demanda tempo e não quer dizer que vá afetar o Brasil. Isso dependerá da visão dos técnicos, que são pessoas extremamente competentes”, explicou.
Repercussão no mundo
Na Europa, o presidente da França, Nicolas Sarkizy, informou que deseja convocar uma reunião extraordinária com os ministros da Economia e Energia que integram o G20 - bloco que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia - para discutir a questão da segurança nuclear no mundo.
Segundo o ministro do Meio Ambiente alemão, Nobert Rottgen, franceses e alemães pretendem lançar uma iniciativa comum sobre a segurança nuclear. A reunião ainda não tem data marcada. Ainda na Alemanha, a chanceler Angela Merkel adiou, provisoriamente, a intenção de prolongar a vida útil de 17 centrais nucleares alemãs. Merkel afirma que a medida é para que haja tempo para analisar o que ocorreu no país nipônico.
Já a Turquia anunciou que pretende avançar em seus projetos, que incluem a construção de duas centrais nucleares: uma em Porto de Mersin e outra em Porto de Sinop, no Mar Negro.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Indústria se une para agilizar crescimento da energia solar no País

Abinee junta empresas para estudar formas de estimular a fonte; leilões, geração distribuída e regulação estão em pauta
Por Luciano Costa
 
 

A indústria brasileira ligada à energia fotovoltaica, gerada a partir do sol, começa a estudar meios para acelerar o desenvolvimento da fonte no País. 
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) já reúne mais de 50 empresas dentro do recém-criado Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos para discutir o tema. Segundo o coordenador do grupo, Leônidas Andrade, da Dupont, os encontros vêm acontecendo regularmente desde janeiro.
"As empresas que estão frequentando as reuniões representam toda a cadeira da indústria fotovoltaica, desde a área de silício até as empresas que tomam sob sua responsabilidade a instalação de grandes centrais fotovoltaicas, passando por produtores de equipamentos", explica Andrade. Ele ainda detalha que foram criados grupos de trabalho para tratar quatro questões específicas de interesse do setor: normas, mercado, leilões e tributação.
De acordo com Andrade, é importante que sejam conduzidos estudos para pensar uma regulação adequada para a fonte. "A indústria fotovoltaica no Brasil ainda é muito incipiente. O mercado aqui é muito restrito, as empresas precisam de uma sinalização para poder investir em produção de equipamentos, módulos, células", argumenta o executivo. Ele revela que, atualmente, a demanda está quase totalmente concentrada no próprio governo, que investe em instalações solares para atender lugares isolados, por meio do programa Luz Para Todos.
Esse aspecto, segundo Andrade, também faz com que mais de 95% das aplicações por aqui sejam off grid - não conectadas à rede, enquanto, no mundo, a realidade é a contrária: mais de 95% dos sistemas são ligados ao sistema elétrico. Assim, uma das funções do grupo da Abinee será estudar como a geração fotovoltaica tem se expandido no mundo para definir caminhos que poderiam ser viáveis no Brasil.
Uma das alternativas seria a geração distribuída, apontada pelo executivo como "a mais bem sucedida" nas experiências internacionais. O modelo é baseado na microgeração, com empresas ou mesmo consumidores de pequeno porte podendo instalar módulos solares e para vender energia à rede por uma tarifa incentivada.
Outra ideia, que é abordada dentro do grupo de trabalho "Leilão", é a de que certames para a contratação de usinas solares de maior porte, promovidos pelo governo, poderiam alavancar a fonte de uma vez. "É uma forma de se começar a demandar grandes volumes para sinalizar para a indústria que o Brasil está efetivamente considerando a fonte. Não um leilão isolado, mas alguma coisa programada ao longo de vários anos", aponta Andrade. O diretor acredita que licitações para viabilizar algo entre 100MW e 200MW nos próximos cinco ou dez anos animaria os investimentos no setor.
O coordenador lembra que existem estudos da Universidade Federal de Santa Catarina que mostram que a energia fotovoltaica pode se tornar competitiva em quatro ou cinco anos. "O preço tem caído consistentemente e de forma acentuada. Mas não podemos esperar essa paridade (tarifária) chegar para tomarmos iniciativas. Precisamos fomentar a indústria fotovoltaica no Brasil e isso tem um tempo de maturação e de aprendizagem. Se esperarmos mais alguns anos, nos tornaremos importadores de equipamentos, porque esse tempo vai ter passado", enfatiza o executivo.
Andrade afirma ainda que, desde antes da criação do grupo setorial, a Abinee mantinha contatos com os ministérios de Minas e Energia, Desenvolvimento e de Ciência e Tecnologia. "Temos sentido interesse por parte do governo e também tivemos sinais positivos de que um grupo respondendo pela área fotovoltaica tornaria o diálogo muito mais fácil. Temos sido muito bem recebidos pelo governo e pela academia". Ele também destaca o grande interesse das próprias empresas, que aderiram rapidamente ao grupo. "O importante é essa tomada de posição. O Brasil não pode prescindir da energia fotovoltaica em sua matriz, porque ela, sem dúvida alguma, é a energia do futuro".