sexta-feira, 18 de março de 2011

“Momento é ideal para discutir a pauta energética com EUA”

Três perguntas a Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

O atual cenário internacional — com a ameaça de um desastre nuclear no Japão e a instabilidade constante no Oriente Médio, de onde sai a maior parte do petróleo consumido no planeta — é favorável à pauta energética brasileira, que deve estar entre os temas das conversas entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente americano Barack Obama. “O Brasil não pode perder a oportunidade de cobrar o fim das barreiras ao etanol e de reforçar o fato de que será um grande produtor de petróleo e gás natural daqui a alguns anos”, diz Adriano Pires, referindo-se ao pré-sal e à sobretaxa de US$ 0,54 cobrada pelos Estados Unidos por galão de etanol importado do Brasil.
A cobrança, que deveria ter sido extinta em31 de dezembro de 2010, foi renovada pelo Congresso americano no ano passado e afeta o comércio entre os países. 

O cenário internacional favorece as discussões sobre energia entre Brasil e EUA?

Sim. O Brasil não pode perder a oportunidade de questionar as barreiras impostas pelos Estados Unidos ao nosso etanol. O momento dessa visita é uma grande oportunidade para o Brasil, pois o próprio Obama  está disposto a falar sobre parcerias no setor energético, o que abrange petróleo, gás, etanol e biocombustíveis. 

O risco nuclear no Japão e a instabilidade do Oriente Médio abrem espaço para o Brasil ser fornecedor de energia?

O Brasil tende a ser um grande produtor de petróleo por causa do pré-sal e tem uma vantagem em relação os países que são hoje os grandes produtores: é democrático, tem estabilidade política, não sofre com disputas étnicas ou religiosas, não tem problemas bélicos com os vizinhos e, por isso, é uma fonte confiável para tornar-se fornecedor.

A demanda por petróleo seguirá aquecida, apesar da busca por fontes alternativas?

Sim. Mas, no caso do Brasil, as oportunidades não estão apenas no pretróleo e no etanol. O Brasil pode se projetar na produção de biocombustíveis e na exploração de gás natural, que — depois do acidente nuclear no Japão — tende a ser o substituto do petróleo como fonte de energia porque, apesar de ser um combustível fóssil, é uma opção considerada limpa. 

Fonte: Brasil Econômico
Autor: Elaine Cotta