sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Copa: sustentabilidade entra em campo

Reuso de água, conforto térmico, sistema de iluminação eficiente, redução do consumo de energia elétrica. Todos esses elementos, e alguns outros, estarão presentes na Copa do Mundo de 2014, seja durante a construção dos estádios, seja no funcionamento desses.


Na mesa-redonda promovida pelo Instituto de Metais Não Ferrosos (ICZ) na última terça-feira, dia 3 de agosto, os arquitetos Sérgio Coelho, autor do projeto da Arena Cuiabá e diretor da GCP Arquitetos, e Fernanda Rodrigues de Magalhães, do Grupo Stadia e integrante da equipe do projeto da Arena Amazônia, expuseram as medidas sustentáveis presentes nos futuros estádios. Confira a seguir como serão os estádios e qual será o papel da sustentabilidade neles.
Já em obras, a Arena Cuiabá (MT) vem para substituir o antigo Verdão. Com uma área de 300 mil m2, o complexo será um parque esportivo, cultural, educativo e de lazer. “É muito mais que uma arena multiuso”, enfatiza o arquiteto autor do projeto Sérgio Coelho.
De acordo com Coelho, o grande diferencial da arena é a flexibilidade. Para a Copa, o estádio terá capacidade para 46 mil espectadores, e após o evento, o número poderá ser reduzido para 28 mil. “É um empreendimento que tem a capacidade de se adaptar à demanda”, explica o autor.
Para proporcionar tal adaptação, os quatro módulos de arquibancada serão independentes. Assim como a cobertura, poderão ser desmontados e remontados conforme a necessidade, e até em outros estádios do estado.
E o novo Verdão fará jus ao antigo nome: será regido por ideais sustentáveis! São eles: reduzir (em 10%) o custo com energia elétrica, arquitetura pensada a partir de formas e materiais que proporcionem conforto térmico, sistema de climatização, sistemas elétricos que evitem o desperdício de energia – reduzindo o consumo desta, sistema hidráulico com reuso de água e tratamento de parte do esgoto, e sistema eficiente de iluminação. A partir de todas essas medidas, o estádio busca atingir a certificação LEED de construção sustentável.
A promessa é que o estádio agregue mais valor à região. “O evento vai trazer um incremento da atividade esportiva no Mato Grosso”. E isso já acontece na própria cidade de Cuiabá; a arena está sendo construída no centro do município que atualmente está subutilizado, conforme explicou Coelho. O complexo será papel fundamental na requalificação urbana. “Após a Copa o local será incrementado com área comercial, pistas de skate e poderá até sediar concertos musicais e campeonatos de moto cross”, realça o arquiteto autor.
As obras da Arena Cuiabá tem término previsto para dezembro de 2012, a tempo de se candidatar como sede da Copa das Confederações que acontecerá em 2013.
Com 100 mil m2, a Arena Amazônia ocupará o lugar do antigo Vivaldão, em processo de demolição desde o dia 15 de julho último. O novo estádio conversa diretamente com as características locais: “o desenho do estádio foi inspirado em elementos da cultural local, tais como cestos indígenas e pele de animais”, explicou Fernanda Rodrigues de Magalhães, arquiteta do Grupo Stadia, empresa responsável pela obra.
Mais do que questões culturais, o projeto baseou-se também nas condições climáticas da região. Uma cobertura metálica com membrana branca translúcida será instalada como forma de aproveitar ao máximo a iluminação natural. “O motivo dessa cobertura existir não é proteger da chuva, é muito mais amenizar o calor. É uma barreira para a incidência de luz solar”, relata a arquiteta.
A maximização do aproveitamento da luz solar é só uma das medidas sustentáveis que a arena proporcionará. Também pretendendo a certificação LEED, o complexo terá sistema de economia de água, armazenamento e reutilização da água da chuva, trocadores de calor e sistema de iluminação altamente eficientes, ventilação e refrigeração natural e sistema de construção de edifícios inteligentes. “Não são só medidas que atendem à FIFA, e sim o que atende a cidade. Manaus tem um clima peculiar, tem que pensar nisso”, afirma Magalhães, ao reforçar o cuidado com o conforto térmico no complexo.
A Arena Amazônia terá dois pavimentos, o primeiro comportará 25 mil torcedores, e o segundo 22 mil. Além do estádio, o complexo abrigará um centro de convenções, biblioteca, ginásio e o sambódromo, já existente.
Imprescindível
Mais do que nunca a sustentabilidade vem se tornando algo imprescindível. “O termo sustentabilidade não tem mais volta. Se não se tomar uma atitude com relação ao meio ambiente, não haverá mais planeta”, defendeu o arquiteto Sérgio Coelho. Reforçando a importância da aplicação do conceito, o engenheiro Rob White, diretor da International Zinc Association (IZA) da África do Sul, também presente na mesa-redonda, ressaltou que o princípio da sustentabilidade vai muito além do meio ambiente, abrangendo também o social.
De acordo com engenheiro, a sustentabilidade pode ser mais cara a princípio, mas, a longo prazo, sai mais barato. Seguindo o mesmo princípio, White defendeu a importância em se preservar os materiais para a boa conservação das estruturas. Para isso, destacou a importância dos processos de galvanização dos metais, exemplificando como tal processo foi aplicado na Copa da África do Sul.
Para fechar a apresentação, o Ph.D. e consultor técnico da Gerdau, Fábio Domingos Pannoni enfatizou a pertinência de se usar o aço em empreendimentos que visam a sustentabilidade. É uma combinação perfeita que com certeza deve ser mais aplicada.
Fonte: Portal Met@lica