quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Celesc busca crescimento com possível criação de empresa com 51% de capital privado

Conselho aprovou contratação de estudo para apontar melhor modelo de novas usinas

A Celesc vê no segmento de geração de energia uma oportunidade de ser grande, a exemplo de outras estatais do setor, como a Eletrosul, Copel e Cemig. A estratégia de crescimento traçada pela diretoria inclui um ingrediente polêmico: a criação de uma nova empresa formada com 51% de capital privado.


Com atuação concentrada na distribuição em Santa Catarina, um negócio que não permite uma expansão acelerada, o Conselho de Administração da Celesc aprovou a contratação de estudo que apontará o melhor modelo para transformar a Celesc Geração em uma empresa que poderá investir R$ 4 bilhões ou mais nos próximos anos na construção de novas usinas, como pequenas centrais hidrelétricas e outras maiores, tanto no Estado quanto em outras regiões do Brasil.


A ideia inicial é criar uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) com 49% de capital estatal e 51% privado, mas pode ser outra alternativa, afirma o presidente da Celesc Holding, Sérgio Alves. Ele está à frente do projeto que conta com as participações diretas do presidente da Celesc Geração, Paulo Meller, e do diretor de Relações com Investidores (RI), Welson Teixeira.


Investir alto


A proposta de investir alto em geração é defendida há mais de um ano pelo conselheiro e maior acionista individual da empresa, Lirio Parisotto, e, agora, há consenso para sair do papel.


Além da aprovação unânime do Conselho de Administração, a mudança tem o apoio dos trabalhadores da Celesc, informa Meller.


Pela proposta inicial, a Celesc Geração vai participar da SPE com as suas 12 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), cujo valor de mercado varia, hoje, entre R$ 800 milhões a mais de R$ 1 bilhão. O setor privado deverá entrar com a outra parte.


O BNDES poderá financiar até 70% de novos projetos a juros baixos, desde que os 30% demais venham de recursos próprios. A soma dos recursos privados mais o crédito do banco pode alcançar R$ 4 bilhões.


Na atual condição de estatal, a Celesc Geração não pode obter recursos do BNDES, e isso a impede competir com as empresas privadas ou SPEs. Dependendo do resultado do estudo, uma segunda opção para levantar recursos (capitalizar, no jargão do mercado), pode ser a realização de uma oferta inicial de ações na Bovespa (IPO).


Lucro maior no futuro


As 12 PCHs geram, atualmente, 83 MW e, com os novos investimentos, a Celesc Geração poderá produzir 400 MW, uma alta de 381% que garantirá lucro maior no futuro. Além dessas usinas, a empresa tem mais nove projetos de PCHs em andamento, parte deles já em obras pelo modelo de SPE.


Conforme Paulo Meller, os ganhos virão das vendas de energia para distribuidoras e também no mercado livre, que permite maiores resultados.


Uma empresa forte em geração tornará a Celesc Holding maior e mais lucrativa, com ganhos para os acionistas e trabalhadores da estatal e para os catarinenses, explica Meller. Segundo ele, a comunidade vai ganhar com maior movimento econômico, geração de empregos, impostos e retorno em serviços públicos em função dos dividendos maiores ao governo do Estado.


O diretor de RI diz que, para os trabalhadores da Celesc Distribuição o fortalecimento da holding é positivo, mas a empresa terá, da mesma forma, que se ajustar à empresa de referência da Aneel.


CLT


O quadro da Celesc Geração conta com 55 trabalhadores. Como a nova empresa terá controle privado, seus trabalhadores serão regidos pela CLT, sem a estabilidade garantida aos funcionários da estatal.


Segundo Meller, ainda não dá para prever o número de trabalhadores da nova empresa mas, pelo perfil da atividade, há mais contratações na construção das usinas do que na fase de operação. Ele cita o caso da usina Pery, que a Celesc está construindo em Curitibanos. Ela emprega cerca de 300 pessoas na construção e, depois, quando estiver gerando, será controlada por 15 pessoas.


Welson Teixeira informa que deverá ser feita uma licitação para contratar a empresa que fará o estudo e o resultado deverá sair ainda este ano.


A expectativa da empresa é que, mesmo com a mudança de governo, o projeto tenha continuidade porque é a melhor forma de obter crescimento no setor e há consenso entre os acionistas.
Fonte: Diário Catarinense