quarta-feira, 23 de junho de 2010

Empresas de TI veem oportunidades nas redes inteligentes do setor elétrico


O setor de TI vem investindo no desenvolvimento de sistemas e equipamentos destinados ao gerenciamento das redes digitais. São produtos que trazem como principal característica pacotes de benefícios para os dois extremos da linha de distribuição de eletricidade. Para o consumidor, a medição eletrônica, por exemplo, vai permitir maior interação com a energia que está consumindo, podendo verificar horários em que a energia está mais barata para o consumo ou monitorar o desempenho elétrico da casa via celular. Por parte das concessionárias, o mercado de TI tem focado o desenvolvimento de novos projetos em ferramentas informatizadas que vão otimizar tarefas antes consideradas complexas.
Por meio da smart grid, equipes de manutenção das distribuidoras não dependerão mais do chamado do cliente para saber onde uma falha na rede aconteceu exatamente, uma vez que sistemas modernos de gestão de ativos emitem alertas de falhas estruturais com a localização exata e o tipo de equipamento danificado. Sistemas de georreferenciamento GIS (Sistema de Informação Geográfica, traduzindo do inglês) permitem fazer levantamentos precisos de onde está localizado cada ativo da rede, podendo monitorá-los e antecipar trocas de equipamentos danificados, reduzindo custos operacionais e garantindo a confiabilidade da rede. No entanto, são necessários ajustes no setor elétrico brasileiro para viabilizar a emancipação da rede inteligente, tanto em regulamentação como nos hábitos de gestão que norteiam as distribuidoras para que a smart grid abarque definitivamente no país.
"Os esforços da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) em viabilizar a rede inteligente no Brasil têm sido significativos. Porém, a agência precisa criar condições para que as empresas de distribuição se adequem o mais rápido possível a esta nova realidade, com campanhas de informação e incentivo", diz Alejandro Erro, Gerente de Marketing da SAP Soluções para Utilities.
Segundo Alejandro, apesar das consultas públicas realizadas até agora, são poucas as empresas que estudam o tema a ponto de criarem planos de implantação de smart grid. Um dos motivos, ele alega, é a falta de informações e estudos sobre redes inteligentes. "Algumas empresas ainda não se deram conta da capacidade de geração de benefícios que a rede inteligente proporciona. É necessária uma grande divulgação de como funciona e quais são as perspectivas governamentais de implantação", diz.
Fabio Paiano, diretor de tecnologia e soluções da empresa Imagem, também segue a mesma linha de pensamento, apesar de reconhecer um certo avanço por parte das empresas nesse sentido. "Há três anos o cenário era exatamente esse, havia pouca informação e as distribuidoras pouco sabiam o que estava acontecendo no mercado de Smart Grids. Hoje, a realidade é um pouco mais distinta, existem projetos na Cemig, na Ampla, na Light. Os primeiros trabalhos estão aparecendo", relata.
E, de fato, estes projetos estão aparecendo. No caso da Cemig, desde 2009 estão sendo executado o projeto Cidades do Futuro, o qual analisa a capacidade e os benefícios da adoção da arquitetura smart grid a partir dos testes que acontecem na cidade de Sete Lagoas, em Minas Gerais. O medida permite identificar a viabilidade de expansão para toda a área de concessão da Cemig, bem como validar os produtos, serviços e soluções do mercado. No Rio de Janeiro, a Ampla possui um projeto que prevê a troca de 50 mil medidores eletrônicos este ano, ampliando o número de casa já atendidas pelo serviço. A Light, também do Rio, possui meta de troca de 100 mil medidores analógicos por digitais até o fim de 2010.
"As principais partes envolvidas estão interessadas no desenvolvimento da smart grid no Brasil. É notório que a Aneel está se esforçando para criar um modelo nacional, um modelo que atenda ao perfil do consumidor brasileiro e à infra-estrutura existente, com suas virtudes e problemas, como fraudes no abastecimento. O caminho é longo mas estamos todos juntos", conclui Alejandro Erro.