Desempenho de um jogador chega a cair 7% do primeiro para o segundo tempo, segundo estudo feito pela Unicamp com o Atlético-PR em 2008
Durante os jogos da Copa das Confederações, a Fifa exibe estatísticas da distância percorrida pelos jogadores em campo. Os dados, que também costumam ser usados pela Uefa em suas competições, pode servir para melhorar a preparação física das equipes.
No Brasil, entretanto, raramente são usados. No ano passado, o Atlético-PR fez uma parceria com a Unicamp para adaptar o seu treinamento em função dos resultados do estudo, mas durou apenas quatro jogos.
- A gente sempre ouve que o jogador está cansado. O ideal não é que ele treine mais, e sim melhor. No esporte de alto nível, os treinamentos são cada vez mais específicos - explica Sérgio Cunha, professor de educação física da Unicamp e responsável pela parceria com o Atlético-PR em 2008.
Instaladas no alto do estádio, câmeras ajudam a determinar não apenas a distância percorrida pelo jogador, mas a sua velocidade e a faixa do campo em que ele esteve mais presente.
- Não adianta fazer o jogador dar vários piques de 100m no treino, se ele raramente faz isso durante a partida. A carga seria diminuída, mas com mais qualidade. E são dados que ajudam não apenas na parte física, mas em treinamentos técnicos e táticos. Você pode ver se o posicionamento do jogador durante a partida é o que o treinador queria - avalia Antônio Carlos Gomes, que era o diretor científico do Atlético-PR no ano passado e hoje trabalha na Unifesp.
Ele lamenta que os clubes brasileiros estejam distantes da ciência acadêmica, por falta de conhecimento, e cita que na Europa essa técnica já é usada há uma década.
Laterais, os que mais se movimentam
O estudo realizado em quatro partidas do time paranaense mostram alguns dados interessantes, que foram publicados em um artigo pela equipe do professor Sérgio Cunha. A queda de produção dos jogadores do primeiro para o segundo tempo chega a ser de 7% - e já é percebida a partir de oito minutos após o intervalo.
E foram os laterais os que mais se movimentaram: 10.642m por jogo. Em seguida, vieram os meias (10.598m) e os volantes (10.476m). Num nível abaixo, apareceram os atacantes (9.612m) e os zagueiros (9.029m).
A maior parte da distância percorrida em campo pelos jogadores se deu numa velocidade baixa - andando ou em ritmo de jogging. Foram 5.537m de um total de 10.012m (55%). A velocidade máxima (ou seja, os sprints) representa apenas 4%. Confira abaixo a estatística, que levou em consideração 55 atletas que disputaram os 90 minutos.
Distâncias percorridas pelos jogadores em uma partida:
(em metros)
V1 | V2 | V3 | V4 | V5 | TOTAL | ||||||||
1ºT | 2ºT | 1ºT | 2ºT | 1ºT | 2ºT | 1ºT | 2ºT | 1ºT | 2ºT | 1ºT | 2ºT | Jogo | |
Zagueiros | 2.860 | 2.628 | 705 | 586 | 718 | 622 | 295 | 265 | 191 | 161 | 4.768 | 4.262 | 9.029 |
Laterais | 2.832 | 2.735 | 946 | 858 | 1.008 | 923 | 416 | 363 | 290 | 272 | 5.491 | 5.151 | 10.642 |
Volantes | 2.885 | 2.788 | 974 | 801 | 1.066 | 871 | 387 | 332 | 178 | 189 | 5.493 | 4.983 | 10.476 |
Meias | 2.862 | 2.739 | 998 | 843 | 1.075 | 869 | 425 | 331 | 245 | 212 | 5.605 | 4.993 | 10.598 |
Atacantes | 2.738 | 2.587 | 834 | 635 | 927 | 718 | 394 | 299 | 269 | 212 | 5.161 | 4.450 | 9.612 |
Total | 2.846 | 2.680 | 874 | 726 | 935 | 786 | 375 | 316 | 231 | 206 | 5.173 | 4.808 | |
Unificado | 5.537 | 1.615 | 1.731 | 691 | 437 | 10.012 |
A tabela mostra a distância percorrida pelos jogadores em cada faixa de velocidade, de V1 a V5.
V1: entre 0 e 11km/h
V2: entre 11 e 14km/h
V3: entre 14 e 19km/h
V4: entre 19 e 23km/h
V5: igual ou maior a 23km/h
V3: entre 14 e 19km/h
V4: entre 19 e 23km/h
V5: igual ou maior a 23km/h