O governador Geraldo Alckmin afirmou na tarde de segunda-feira, 27 de agosto, durante cerimônia de posse do novo diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fernando José Gomes Landgraf, que o trabalho no Instituto será fundamental para que o Estado possa elevar para 69% a participação de energias renováveis em sua matriz energética até 2020.
Atualmente, o País tem 45% de participação dessas energias na matriz, e São Paulo conta com 55%, números que são exemplares para outros países, visto que no mundo as energias renováveis representam apenas 13%, o que significa ainda a forte dependência da economia do petróleo.
Na vinda ao IPT, o governador também inaugurou três novos laboratórios, dois deles relacionados a energias renováveis: o simulador solar, que dará apoio técnico à certificação de qualidade de coletores solares residenciais, comerciais e industriais para aquecimento de água; e o forno unidirecional de silício grau solar, que proporcionará capacitação à indústria brasileira para a obtenção de silício com grau de pureza adequado à fabricação de geradores de energia elétrica fotovoltaicos.
Outra inauguração foi a do novo núcleo de bionanomanufatura do IPT, que recebeu investimento de R$ 52 milhões do Governo do Estado e que permitirá que o Instituto promova a pesquisa em quatro áreas estratégicas, como biotecnologia (desenvolvimento com organismos vivos), tecnologia de partículas (microencapsulação de componentes químicos e terapia medicinal, como em cosméticos), micromanufatura de equipamentos e metrologia de alta precisão.
Esses novos laboratórios vão abrir uma avenida de desenvolvimento para o presente e para o futuro, afirmou o governador, que lembrou também do projeto de gaseificação de biomassa do IPT, que vai viabilizar o aproveitamento do bagaço e da palha de cana para a produção de etanol de segunda geração.
Esse projeto, ainda em gestação, contará com uma planta-piloto, que será construída em Piracibaba (SP). Com os novos produtos da gaseificação, poderemos também dar um salto extraordinário do ponto de vista industrial, afirmou Alckmin.
Em seu primeiro discurso como diretor-presidente do IPT, Landgraf disse que o principal objetivo de sua gestão será apresentar resultados dos investimentos de R$ 150 milhões na modernização do Instituto, realizados nos últimos quatro anos, durante a gestão de João Fernando Gomes de Oliveira, que passou o cargo a Landgraf.
Vamos apresentar resultados mensuráveis; essa demanda me orientou na definição do objetivo desta gestão, afirmou.
Landgraf disse que vai aumentar a relevância e o impacto do IPT para a indústria e a sociedade do Estado e do País. Hoje, sabemos que para cada real de custeio alocado pelo governo, o Instituto vende dois reais de serviços para a indústria e órgãos do governo.
Mas Landgraf afirmou que o impacto do IPT é ainda maior que esse, porque o benefício dos serviços que o IPT presta gera mais valor que seu preço. O novo diretor-presidente informou que será criada uma metodologia para o IPT medir seu impacto, de mesma forma que é feito por instituições internacionais de alta credibilidade como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.
Na transmissão do cargo ao sucessor, João Fernando Gomes de Oliveira disse que a renovação de liderança é importante para que haja o desenvolvimento contínuo do Instituto.
Oliveira destacou também a importância dos novos laboratórios para dar apoio às ações de sustentabilidade na sociedade e disse que os investimentos na IPT nos últimos quatro anos representam uma fase sem precedentes na história do Instituto. Conseguimos promover mudanças importantes para gerar desenvolvimento e empregos, afirmou.
Na opinião do presidente da Investe São Paulo, Luciano Almeida, os investimentos realizados no IPT são estratégicos, pois dinamizam o setor produtivo, que está sempre em busca de novas alternativas e negócios.
Integra essa perspectiva estratégica o desenvolvimento de novos materiais, processos e produtos. Aqui entra o IPT, em eterna revolução e renovação em busca do desenvolvimento tecnológico, finaliza Almeida.
Veja abaixo a opinião de algumas autoridades e pesquisadores que participaram da cerimônia:
Carlos Nobre, secretário de Políticas Públicas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, tecnologia e Inovação (MCTI), representando o ministro Marco Antonio Raupp:
A relação do MCTI com o IPT é profícua e permanente. Dois exemplos são marcantes. Primeiro, o fato de o Instituto ser um dos pilares da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), constituindo um braço tecnológico de São Paulo para o País.
Segundo, a colaboração com conhecimento técnico e experiência acumulados pelo Instituto durante anos na prevenção de desastres naturais, inclusive cedendo um de seus pesquisadores mais qualificados, o Agostinho Ogura, na implementação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), no MCTI.
Zehbour Panossian, chefe do Laboratório de Corrosão e Proteção (LPC):
Tenho 36 anos de casa e conheço o Fernando Landgraf desde que ele era estagiário. Acredito muito na nova gestão, por ele ser um ipeteano de coração e também um ser humano fantástico. Vamos crescer muito com a nova direção.
João Batista Ferreira Neto, coordenador do Laboratório de Metalurgia e Materiais Cerâmicos (LMMC) e coordenador do projeto do novo forno de solidificação direcional de silício:
Eu acho muito positiva a nova presidência. A gestão anterior foi cheia de novos investimentos e perspectivas, e agora temos uma oportunidade de um pesquisador da casa fazer a gestão do Instituto. O Landgraf tem uma visão profunda de todas as necessidades do IPT e todas suas virtudes.
Douglas Messina, coordenador do Laboratório de Instalações Prediais e Saneamento (LIP), ligado ao Centro Tecnológico do Ambiente Construído (Cetac):
O ex presidente João Fernando Gomes de Oliveira teve participação muito importante na história e desenvolvimento do Instituto. Agora, entrando o Fernando Landgraf, tenho certeza que a presidência anterior será substituída a altura.
Ele conhece bem o IPT e as necessidades dos grupos de pesquisadores. Tenho uma boa expectativa do que vai acontecer nos próximos anos com a próxima gestão.