terça-feira, 11 de setembro de 2012

Impsa em alta voltagem


Conhecida por seus parques eólicos, a portenha Impsa anuncia investimentos de R$ 1,8 bilhão e a produção de turbinas hidráulicas no Brasil
Por Rosenildo Gomes Ferreira

A portenha Impsa Wind, fabricante de equipamentos para geração de energia eólica, desembarcou no Brasil em 2008, atraída pela força dos ventos nas regiões Sul e Nordeste. 

Em menos de três anos, a companhia fechou contratos de US$ 1,2 bilhão para a instalação de fazendas eólicas no Ceará e em Santa Catarina.

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Nova planta em Suape: filial comandada por Menghini contará com 
linha de montagem de turbinas e um laboratório hidráulico

Foi o suficiente para fazer do País a sua maior base de operações, superando a Argentina e a Malásia, onde a Impsa Corporation também mantém unidades produtivas. 

O País deverá responder por uma receita de R$ 1,1 bilhão em 2010, mais da metade dos R$ 2,1 bilhões previstos para todo o grupo no período. Os portenhos, no entanto, querem mais.

De olho na construção de dezenas de usinas hidrelétricas nas regiões Norte e Centro-Oeste, negócios que deverão consumir R$ 214 bilhões até 2019, os executivos da Impsa pretendem abocanhar uma fatia desses investimentos.

Para isso, a empresa vai aplicar R$ 250 milhões na instalação de uma linha para produção de turbinas para hidrelétricas, além de um laboratório hidráulico na sua planta de Suape (PE). 

No total, os investimentos da Impsa para o período 2010-2011 deverão somar R$ 1,8 bilhão. A fatia restante será usada para cumprir os contratos em andamento.


US$ 1,2 bilhão é o valor da carteira de pedidos da Impsa para o 
fornecimento de turbinas para parques de energia eólica no Ceará 
e em Santa Catarina

“O Brasil se transformou em um terreno fértil para quem atua no setor energético”, destaca Jose Luis Menghini, vice-presidente da Impsa Wind do Brasil. Com exceção da China, nenhum outro país do mundo está investindo tanto em energia.

E a produção local é um imperativo para quem pretende ser um jogador de destaque nesse campo. Primeiro porque facilita a obtenção de financiamento junto aos órgãos de fomento, como o BNDES. 

Além disso, atende à exigência de conteúdo mínimo de insumos nacionais, normalmente incluídos em contratos dessa natureza.

Não foi por outro motivo que as rivais Siemens, General Electric, Alstom, ABB e Voith desembarcaram por aqui nos últimos 50 anos. 

Hoje, a Impsa já possui contratos com a Odebrecht para fornecer equipamentos para as usinas de Simplício, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais, e Dardanelos, em Mato Grosso, que somam R$ 655 milhões.



Com a ampliação da planta de Suape, que quase triplicará para 51 mil metros quadrados de área construída, será possível operar em um novo patamar. 

No novo galpão poderão ser montadas turbinas hidráulicas com peso de até 800 toneladas e 38 metros de altura, equivalente ao tamanho da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

“Os investimentos em energia estão repetindo patamares somente vistos na década de 1970, durante o chamado milagre econômico”, opina o economista Fernando Camargo, sócio-diretor da LCA Consultores. 

É que para continuar crescendo no ritmo de 5% ao ano, o Brasil precisará adicionar seis mil Mega-Watts (MW) por ano à sua capacidade de geração – montante suficiente para abastecer uma cidade com 18 milhões de habitantes.

“O grande potencial do Brasil ainda é a hidroeletricidade”, reforça Rosângela Ribeiro, analista de investimentos da SLW Corretora. 

Para Menghini, a polêmica ao redor da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, situada no Pará e duramente criticada por ambientalistas, não deverá inviabilizar os megaprojetos. 

“O governo terá de optar entre atender às reclamações dos ecologistas ou deixar milhões de pessoas no escuro”, completa o executivo.