segunda-feira, 2 de abril de 2012

Copel prevê aquisições em 2012 e promete retorno adequado em todos projetos


Analistas mostram desconfiança com grandes deságios, mas estatal garante que ações estão subavaliadas no mercado 

Por Luciano Costa

Crédito: Agência Paraná




O diretor financeiro e de relações com investidores da estatal paranaense de energia Copel, Ricardo Portugal, garantiu que a empresa passa por "um de seus melhores momentos" - com "lucros crescentes", dividendos maiores para os acionistas, expansão por meio de "projetos rentáveis" e "imensa capacidade de alavancagem". 

Com base nos indicadores positivos, o executivo afirmou que "o mercado não está sendo justo com a precificaçaõ" das ações da Copel.

"É preciso olhar para a frente e ter confiança no efeito das medidas que já tomamos", pediu Portugal, logo na abertura da teleconferência com investidores realizada pela companhia nesta sexta-feira (30/3). 

O apelo do diretor mostrou-se justificado pela desconfiança dos analistas que participaram da conversa. As perguntas tentavam a todo momento tirar dos executivos da estatal a garantia de que as promessas de bom retorno nos novos negócios serão cumpridas.

Como se já esperasse os questionamentos, o presidente Lindolfo Zimmer, assim que tomou a palavra, disse que "toda e qualquer aquisição da Copel realizada durante essa gestão não destruirá valor para os acionistas". Ele frisou que "todos lances são feitos após criteriosa análise técnica" e afirmou que "os retornos serão sempre significativamente acima do custo de capital próprio".

Zimmer e Portugal citaram, em diversos momentos, a possibilidade de ir às compras ainda neste ano. O diretor de finanças disse que a responsabilidade com as taixas de retorno não será esquecida - "muito menos em eventuais aquisições que venhamos a efetuar". Ao falar do plano de investimentos, que prevê R$2,25 bilhões para este ano, Portugal também ressaltou que o valor "não considera eventuais aquisições".

Já o presidente foi mais direto e explicou que a empresa tem "em avaliação uma série de projetos" provenientes de chamadas públicas abertas em busca de parceiros. Há desde empreendimentos em estruturação até usinas em construção e operação. "Podemos ter sucesso em alguns deles e já cumprir boa parte de nossa previsão orçamentária (para o ano)", apontou.

O executivo disse que a Copel "trabalha incessantemente para ainda em 2012 anunciar novos projetos em geração eólica" e que "tudo depende do crescimento da economia brasieleira e do Paraná". 

Neste ano também está prevista a entrada em operação da hidrelétrica de Mauá - no primeiro semestre - e da PCH Cavernoso II, que deve gerar energia "até 26 de outubro". A empresa ainda disse que o cronograma da UHE Colíder está em dia e que ainda é possível antecipar a usina, que precisa estar concluída em 2015.

Atenção às novas linhas
Boa parte dos questionamentos dos analistas foi em cima das concessões de transmissão arrematadas pela Copel em parceria com a chinesa State Grid. No último leilão, realizado no início deste mês, as empresas levaram o direito de construir as linhas que escoarão a energia das usinas do rio Teles Pires, com deságios de 43% e 36,4%.

Zimmer assegurou que os investimentos nos projetos ficarão "bem abaixo do previso pela Aneel" e destacou pontos positivos da região que os receberá, como o terreno plano e o preço de terra barato. "Por outro lado, nosso parceiro goza de uma experiência muito grande em transmissão e trouxe essa tecnologia para que pudéssemos otimizar", disse.

O diretor financeiro também lembrou que as companhias "continuam negociando com os EPCistas (contratados para executar a obra)" e que "os preços vão baixar ainda mais". "Estamos absolutamente seguros de que o retorno vai ficar acima do custo de capital próprio", enfatizou Portugal.

Mesmo tendo fechado acordo com os chineses, o executivo revelou que os equipamentos nas linhas serão "todos nacionais" e que, portanto, as empresas poderão buscar financiamentos junto ao BNDES. Uma alternativa de empréstimo com um banco chinês, negociada pela State Grid, também não é descartada. "Estamos negociando dentro da SPE (sociedade de propósito específico) eventualmente um funding interno", adiantou.

A ideia da Copel é antecipar a conclusão da linha para escoar a energia de sua própria usina, de Colíder, que também tem previsão de ficar pronta antes do previsto. Com isso, a geração de caixa extra aconteceria nos dois projetos, aumentando o retorno.