quinta-feira, 26 de abril de 2012

Energia renovável produzida em casa pode abastecer rede distribuidora no Brasil

Nova resolução da Aneel permite que consumidor produza energia renovável e repasse a sobra para a rede distribuidora, pagando menos na conta de luz. Incentivo fiscal e isenção de impostos ficam de fora da medida.



Nos pés da Serra do Mar, em Ubatuba, os moradores de uma ecovila produzem sua própria energia desde a fundação do lugarejo, em 1999. 

Inicialmente, placas fotovoltaicas abasteciam as tomadas. 

Desde 2009, uma microturbina hidrelétrica garante eletricidade às famílias que moram no local e ao escritório do Ipema (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica).

Computadores, impressoras, datashow, máquinas de lavar roupa, liquidificadores, televisões, lâmpadas: tudo funciona com a energia produzida localmente, exemplifica o arquiteto Marcelo Braga, fundador do Ipema. A comunidade gera mais do que consome e tem uma sobra de energia durante a noite quando quase tudo está desligado da tomada e que é perdida.
Mas uma mudança na lei brasileira começa a desenhar um novo cenário. O consumidor que produz energia de fontes renováveis em casa pode injetar o excesso na rede da distribuidora local. As novas diretrizes foram aprovadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e valem desde a última quinta-feira (19/04).
As normas se aplicam a microgeradores (até 100 KW) e minigeradores (de 100KW a 1MW) que usam fontes renováveis solar, eólica, hídrica ou de biomassa. Em vez de dinheiro, o produtor que injetar energia na rede da distribuidora ganha um crédito, que pode ser abatido na conta de energia dos meses seguintes, com prazo de até três anos.
A agência do governo vê vantagens na iniciativa: "Economia dos investimentos de transmissão, redução das perdas nas redes e melhoria da qualidade do serviço de energia elétrica", respondeu a Aneel, por email, à DW Brasil.
Na conta do consumidor
A política foi saudada por especialistas do setor. "A distribuidora vai diminuir a necessidade de investimento na rede de transmissão, já que uma parte da produção será do próprio consumidor", avaliou Nivalde J. de Castro, coordenador do grupo de estudos do setor de energia elétrica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Segundo ele, a decisão favorece um uso mais eficiente da energia elétrica, pois os consumidores não são mais obrigados a comprar das distribuidoras tudo o que consomem e a necessidade de investir em grandes hidrelétricas e parques eólicos diminui.
Mas quem vai pagar a conta, inicialmente, é o pequeno produtor: o investimento na compra de equipamentos é por conta própria. A distribuidora não precisa arcar com os custos de adequação, ou seja, da instalação do sistema de medição. E não há qualquer incentivo fiscal para que o consumidor se transforme num produtor de energia renovável.
"O governo deveria dar isenção de imposto para aquecedor solar, painel fotovoltaico", opina Braga. Segundo ele, um modelo barato e de potência média de aquecimento de água custa entre 1.000 a 1.500 reais e um muito bom, até 5.000 reais. "Quando o consumidor faz as contas, ele prefere não gastar tanto e continuar pagando pela energia da distribuidora", diz Braga.
E essa é a grande diferença entre a norma brasileira e a política alemã, que também serviu de inspiração para o Brasil. No caso da Alemanha, os consumidores receberam incentivo para produzir em casa energia renovável. No caso do Brasil, o consumidor não ganha dinheiro ao injetar energia na rede. "Ou seja, o consumidor que virar produtor nunca vai receber recursos da distribuidora, o máximo será diminuir a conta mensal de luz", ressalta Nivalde.
Pioneirismo alemão
Em 1990, a aprovação na Alemanha de uma lei de eletricidade começou a colocar em evidência o papel das pequenas centrais geradoras de energia renovável. A norma obrigou as operadoras a conectar esses produtores à rede e a comprar essa energia no regime de tarifa feed-in.
Segundo esse sistema de preços, toda a energia produzida a partir de fontes renováveis é injetada na rede, inclusive a dos pequenos produtores. A distribuidora é obrigada a pagar um valor maior por esse tipo de energia do que, por exemplo, pela oriunda de centrais nucleares um negócio que pode ser lucrativo para o pequeno produtor.
O impacto foi imediato: uma grande expansão do mercado de fontes renováveis, como ressalta estudo de caso feito pelo Ministério brasileiro de Minas e Energia. Os dados mais recentes do governo alemão, referentes a 2010, mostram que o país dispõe de uma capacidade instalada de energia oriunda de fontes renováveis de 55.596 MW, ou 17,1% do total produzido no país.
Impacto no Brasil
A Aneel espera que a norma no Brasil gere um efeito parecido. "A expectativa é que a iniciativa ajude a impulsionar o desenvolvimento sustentável do setor elétrico brasileiro, com aproveitamento adequado dos recursos naturais e utilização eficiente das redes elétricas", declarou a agência.
O grupo liderado por Nivalde faz ressalvas. "Avaliamos que não terá um impacto tão grande", diz o especialista, apontando como causa a ausência de incentivo fiscal. "Os primeiros consumidores interessados nessa política devem ser grandes condomínios ou conjuntos residenciais com vários edifícios", completa.
Sobra a demora para implementar uma resolução que estimule a produção descentralizada de energia elétrica a partir de fonte renovável, Nivalde comenta: "O Brasil só faz isso agora porque sempre dispôs de recursos energéticos em abundância hidrelétricos, eólicos e agora seremos grandes produtores de gás."
Braga prefere esperar um pouco para decidir se a ecovila em Ubatuba irá se conectar à rede de distribuição. Mas como produtor da própria energia há mais de dez anos, o arquiteto já sabe: "A saída para o Brasil crescer e atender à demanda dos consumidores, que cresce a cada dia, é descentralizar a produção de energia".
Autora: Nádia Pontes

Revisão: Alexandre Schossler

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Eficiência energética: nova política vai possibilitar introdução de novas tecnologias


O novo regime automotivo vai possibilitar a introdução de mais tecnologia. Como? Através do programa de eficiência energética do governo. 

Esse programa será efetuado através da etiquetagem nacional de veículos, que vai indicar ao consumidor quais são os carros mais eficientes, portanto, mais econômicos.

No entanto, esse programa do governo não é obrigatório, já que as montadoras poderão atender aos outros três pontos do novo regime automotivo para se beneficiarem do desconto de 30% no IPI.

A obrigatoriedade já está sendo estudada pelo governo, sendo ainda apoiada pelas montadoras. Acontece que a etiquetagem veicular vai promover os carros mais eficientes, deixando de lado os “gastões”. Assim, cada montadora terá que se esforçar para que toda sua linha seja mais eficiente.

Por isso, o governo quer estimular o menor consumo com descontos no IPI, o que deve favorecer a introdução de tecnologias mais avançadas. O Brasil é o único grande mercado do mundo que não tem um programa de redução de emissão de poluentes.

Com novas regras, as montadoras deverão acabar por introduzir itens, tais como injeção direta, comandos variáveis, turbocompressor, carrocerias mais leves, freios regenerativos, entre outros. Mas isto vai levar algum tempo, embora alguns fabricantes já estejam apostando nisso.

O Brasil tem o etanol, mas a tecnologia de redução de emissão ainda está bem aquém do desejável, visto que as emissões de CO2 nos carros brasileiros são bem maiores que os equivalentes europeus, americanos e japoneses.

Se nada for feito a esse respeito, o Brasil continuará com carros ineficientes, mesmo tendo o etanol como combustível alternativo, que mesmo sendo mais ecológico, polui mais em um carronacional do que um equivalente europeu com gasolina.

Exemplos? Um Fiat Punto 1.4 emite 165,3 g/km de CO2, enquanto que com etanol fica em 163,8 g/km. Percebe-se que a diminuição é irrisória entre um e outro combustível. Na Europa, oFiat Punto 1.4 MultiAir emite 134 g/km, usando tecnologia de comando variável.

Já um Ford New Fiesta 1.6 emite 168 g/km com gasolina e 153,5 com etanol. Aqui a diferença já é substancial entre os dois combustíveis, mas na Europa o modelo emite 133 g/km com injeção direta, turbo e comando variável.

Isso sem contar os muitos modelos a gasolina que estão abaixo de 120 g/km de CO2, especialmente modelos com motor 1.0. E por fim, os carros a diesel. Mas isso já é outra história…

[Fonte: Automotive Business]

terça-feira, 24 de abril de 2012

Aneel aprova regras sobre instalações de geração distribuída


Regra é válida para geradores que utilizem fontes incentivadas de energia como hídrica, solar, biomassa, eólica e cogeração qualificada

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou as regras destinadas a reduzir barreiras para instalação de geração distribuída de pequeno porte, que incluem a microgeração, com até 100 KW de potência e a minigeração, de 100 KW a 1 MW. 


Com isso, foi criado também a norma Sistema de Compensação de Energia, que permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora local. A regra é válida para geradores que utilizem fontes incentivadas de energia como hídrica, solar, biomassa, eólica e cogeração qualificada.
 
 

Ou seja, a unidade geradora instalada em uma residência, por exemplo, poderá produzir energia e o que não for consumido será injetado no sistema da concessionária, que utilizará o crédito para abater o consumo dos meses subsequentes. Além disso, os créditos poderão ser utilizados em um prazo de 36 meses e as informações estarão na fatura do consumidor, uma vez que ele saiba o saldo de energia e tenha o controle sobre a sua fatura.
 
 

De acordo com a Aneel, os órgãos públicos e as empresas com filiais que optarem por participar do sistema de compensação, também poderão utilizar o excedente produzido em uma de suas instalações para reduzir a fatura de outra unidade.

Metodologia

A Aneel afirma que o consumidor que instalar micro ou minigeração distribuída será responsável inicialmente pelos custos de adequação do sistema de medição necessário para implantar o sistema de compensação. Entretanto, após a adaptação, a própria concessionária será responsável pela manutenção, incluindo os custos de eventual substituição.
 
 

Dessa forma, as distribuidoras terão até 240 dias após a publicação da resolução para elaborar ou revisar normas técnicas para tratar do acesso desses pequenos geradores, tendo como referência a regulamentação vigente, as normas brasileiras, além das normas internacionais.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Água, vento e sol darão a energia que moverá o Brasil

Garantir segurança energética ao Brasil é grande desafio. Mas enquanto há resistências contra as hidrelétricas, temos boas notícias. 

É que o País pode se tornar em 2013 o décimo maior produtor de energia eólica do mundo, um salto de 10 posições, pois terminamos 2011 na 20ª colocação. 



Neste ano entram em operação as primeiras usinas contratadas em leilão considerado competitivo para a energia eólica - o leilão de reserva de 2009. Atualmente, cerca de 7GW estão contratados e deverão entrar no sistema até 2016, montante que ainda deve aumentar para 8GW. 

A associação setorial Abeeólica destaca que atualmente a capacidade instalada do segmento é de 1.461MW e 1.200MW estão em construção, enquanto 6.000MW estão contratados. A partir do próximo ano haverá um incremento de aproximadamente 2.000MW por ano. 

A produção de energia eólica, da qual o Rio Grande do Sul faz parte, tem atraído vários fornecedores. O que a indústria quer é condição e competição suportada por ganhos contínuos de produtividade e condições favoráveis na infraestrutura nacional, o que passa necessariamente por uma redução nos custos da energia, seja elétrica ou gás natural. 

Do exterior vem a novidade. Uma turbina eólica aérea a 300 metros do solo, onde estão ventos cinco vezes mais velozes, produzirá o dobro de energia dos atuais aerogeradores fixados no terreno e com custos até 65% menores. 

Poderá revolucionar o setor e deixar em desuso os grandes parques. O engenho, que pode ser instalado em dias, foi idealizado por técnicos da Companhia Altaeros Energies, ligada ao Instituto Tecnológico de Massachusetts, dos Estados Unidos. 

Por isso, geralmente são prosaicos os pensamentos e as conclusões sobre as dificuldades que elevamos à décima potência no cotidiano pessoal, empresarial e na área pública. 

O Brasil precisa de energia e as hidrelétricas devem ser construídas, como as duas do rio Madeira, Santo Antônio e Jiruá, além de Belo Monte. Evidentemente que precauções ambientais devem ser tomadas e assim foi feito. Mas greves têm paralisado as obras e as reclamações de indigenistas continuam. 

Muitos esquecem que para cada hidrelétrica que se deixa de construir outras 10, queimando carvão ou óleo diesel, são colocadas em funcionamento. A poluição é muito maior. A pior poluição é a miséria e a falta de emprego, sem energia. 

O Brasil depende em torno de 75% do abastecimento por hidrelétricas. Não precisamos de “mães” ou “pais” de obras federais, mas de gerenciamento sério. 

Em 2060, a população será de 250 milhões de habitantes. O potencial hídrico estaria, nessa data, aproveitado em sua totalidade, com capacidade elétrica instalada de 190 mil MW. 

Em 2060, o consumo estimado de energia será de 4.380 quilowatts/hora (KWh) por habitante. Precisamos aproveitar igualmente a biomassa e a energia solar, junto com a eólica. 

Para garantir uma situação em que exista melhor educação, saúde e abastecimento de água e esgoto à população haverá a necessidade de expandir a capacidade do parque industrial nacional e de gerar muita eletricidade. Basta de conversa fiada, vamos às obras.


Fonte: Jornal do Comércio/ Uol

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Copel prevê aquisições em 2012 e promete retorno adequado em todos projetos


Analistas mostram desconfiança com grandes deságios, mas estatal garante que ações estão subavaliadas no mercado 

Por Luciano Costa

Crédito: Agência Paraná




O diretor financeiro e de relações com investidores da estatal paranaense de energia Copel, Ricardo Portugal, garantiu que a empresa passa por "um de seus melhores momentos" - com "lucros crescentes", dividendos maiores para os acionistas, expansão por meio de "projetos rentáveis" e "imensa capacidade de alavancagem". 

Com base nos indicadores positivos, o executivo afirmou que "o mercado não está sendo justo com a precificaçaõ" das ações da Copel.

"É preciso olhar para a frente e ter confiança no efeito das medidas que já tomamos", pediu Portugal, logo na abertura da teleconferência com investidores realizada pela companhia nesta sexta-feira (30/3). 

O apelo do diretor mostrou-se justificado pela desconfiança dos analistas que participaram da conversa. As perguntas tentavam a todo momento tirar dos executivos da estatal a garantia de que as promessas de bom retorno nos novos negócios serão cumpridas.

Como se já esperasse os questionamentos, o presidente Lindolfo Zimmer, assim que tomou a palavra, disse que "toda e qualquer aquisição da Copel realizada durante essa gestão não destruirá valor para os acionistas". Ele frisou que "todos lances são feitos após criteriosa análise técnica" e afirmou que "os retornos serão sempre significativamente acima do custo de capital próprio".

Zimmer e Portugal citaram, em diversos momentos, a possibilidade de ir às compras ainda neste ano. O diretor de finanças disse que a responsabilidade com as taixas de retorno não será esquecida - "muito menos em eventuais aquisições que venhamos a efetuar". Ao falar do plano de investimentos, que prevê R$2,25 bilhões para este ano, Portugal também ressaltou que o valor "não considera eventuais aquisições".

Já o presidente foi mais direto e explicou que a empresa tem "em avaliação uma série de projetos" provenientes de chamadas públicas abertas em busca de parceiros. Há desde empreendimentos em estruturação até usinas em construção e operação. "Podemos ter sucesso em alguns deles e já cumprir boa parte de nossa previsão orçamentária (para o ano)", apontou.

O executivo disse que a Copel "trabalha incessantemente para ainda em 2012 anunciar novos projetos em geração eólica" e que "tudo depende do crescimento da economia brasieleira e do Paraná". 

Neste ano também está prevista a entrada em operação da hidrelétrica de Mauá - no primeiro semestre - e da PCH Cavernoso II, que deve gerar energia "até 26 de outubro". A empresa ainda disse que o cronograma da UHE Colíder está em dia e que ainda é possível antecipar a usina, que precisa estar concluída em 2015.

Atenção às novas linhas
Boa parte dos questionamentos dos analistas foi em cima das concessões de transmissão arrematadas pela Copel em parceria com a chinesa State Grid. No último leilão, realizado no início deste mês, as empresas levaram o direito de construir as linhas que escoarão a energia das usinas do rio Teles Pires, com deságios de 43% e 36,4%.

Zimmer assegurou que os investimentos nos projetos ficarão "bem abaixo do previso pela Aneel" e destacou pontos positivos da região que os receberá, como o terreno plano e o preço de terra barato. "Por outro lado, nosso parceiro goza de uma experiência muito grande em transmissão e trouxe essa tecnologia para que pudéssemos otimizar", disse.

O diretor financeiro também lembrou que as companhias "continuam negociando com os EPCistas (contratados para executar a obra)" e que "os preços vão baixar ainda mais". "Estamos absolutamente seguros de que o retorno vai ficar acima do custo de capital próprio", enfatizou Portugal.

Mesmo tendo fechado acordo com os chineses, o executivo revelou que os equipamentos nas linhas serão "todos nacionais" e que, portanto, as empresas poderão buscar financiamentos junto ao BNDES. Uma alternativa de empréstimo com um banco chinês, negociada pela State Grid, também não é descartada. "Estamos negociando dentro da SPE (sociedade de propósito específico) eventualmente um funding interno", adiantou.

A ideia da Copel é antecipar a conclusão da linha para escoar a energia de sua própria usina, de Colíder, que também tem previsão de ficar pronta antes do previsto. Com isso, a geração de caixa extra aconteceria nos dois projetos, aumentando o retorno.