quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ABNT publica norma que visa redução de CO2

O Procobre – Instituto Brasileiro do Cobre – junto à comissão de estudos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou no dia 4 de outubro, uma nova norma brasileira, que associa o dimensionamento elétrico das edificações à economia de energia e redução das emissões de CO2.
 

Arquivo_Lumière
A norma associa o dimensionamento elétrico das edificações à economia de energia

A NBR 15920:2011 foi apresentada durante um evento, em São Paulo, para projetistas e é aplicável a todas as instalações de baixa e média tensão e também a redes de transmissão e distribuição de energia. O documento traz fórmulas para calcular o custo inicial e operacional de um projeto, além de uma fórmula que resulta no dimensionamento econômico.

Com isso, a norma chancelada pela ABNT, tem como objetivo o redimensionamento da seção (diâmetro) do cabo elétrico para obter menos perda de energia e assim reduzir o consumo; por consequência, também diminui a emissão de gases de efeito estufa, como o CO2.

Para facilitar o cálculo, um software foi desenvolvido para dimensionar os circuitos elétricos das edificações, levando em conta aspectos de economia de energia e os efeitos positivos para o meio ambiente.

De acordo com o engenheiro eletricista e consultor do Procobre, Hilton Moreno, responsável pelo software e também pela elaboração do manual “Dimensionamento Econômico e Ambiental de Condutores Elétricos”, as emissões de CO2 mais significativas em um sistema elétrico ocorrem quando os condutores estão sendo utilizados no transporte de energia elétrica. Apenas um circuito elétrico, sob más condições, pode emitir indiretamente milhares de quilos de CO2 na atmosfera no decorrer dos anos.

“O software é direcionado a profissionais envolvidos com instalações elétricas e interessados em dimensionar circuitos elétricos com condutores de cobre de baixa tensão, até 1.000V, pelo critério de dimensionamento econômico descrito na NBR 15920, acrescido de uma metodologia de cálculo para determinação da redução da emissão de dióxido de carbono desenvolvida por técnicos no Japão”, explicou Moreno.

Já o manual traz os critérios de dimensionamento econômico para todos os tipos de instalação elétrica de baixa tensão, tanto prediais ou comerciais quanto industriais ou nas redes públicas de distribuição de energia.

Testes
O Procobre realizou estudos de casos com o software para verificar a economia de energia e a redução das emissões de CO2 em seis tipos de edificações: um prédio de escritórios, dois shopping centers, um galpão industrial, um hospital e um hotel. Em todos os casos, houve economia de energia e ganho ambiental pela aplicação dos critérios da NBR 15920.

O resultado mais significativo foi verificado em um dos shoppings. Segundo a estimativa calculada, caso o dimensionamento econômico e ambiental seja utilizado nesta obra, em um prazo de 30 anos o complexo registrará um ganho ambiental de 380 toneladas de CO2 e economizará cerca de 2.220.700kWh de energia.

“Uma casa popular de uma família de quatro pessoas consome, em média, 100kWh por mês de energia elétrica. Desta forma, a economia de energia calculada no shopping center, em 30 anos, corresponderá ao consumo de 22.200 casas populares em um mês ou de 62 casas durante 30 anos”, explicou Moreno.

Em cada caso analisado foram consideradas diversas alternativas de tarifas de energia, tempo de funcionamento da instalação, vida útil estimada da obra, taxa de juros e outros parâmetros que fazem parte das fórmulas de cálculos. No total foram calculados mais de 4.000 circuitos e os resultados obtidos são muito variados.

“Isso demonstra que deve ser realizada uma análise criteriosa caso a caso”, disse Moreno.

O efeito do dimensionamento econômico e ambiental dos condutores elétricos torna-se ainda mais relevante quando se multiplica os resultados obtidos em apenas um caso pelos milhões de empreendimentos existentes ou a serem construídos no País.

“Se considerarmos que existem centenas de milhões de circuitos elétricos nas edificações do Brasil, fora os milhares de quilômetros de redes de transmissão e distribuição de energia, o ganho energético e ambiental da aplicação do método assumiria uma escala gigantesca”, disse Moreno.

Um estudo recente, produzido por especialistas do Instituto Europeu do Cobre, simulou o que aconteceria se os 27 países membros da União Européia passassem a dimensionar todos os circuitos elétricos da região pelo critério energético e ambiental. O resultado mostrou que haveria um potencial de economia de energia elétrica de 3% em relação ao consumo total da região. A partir dessa resultante, 12 usinas nucleares de médio porte ou 47 usinas termelétricas poderiam deixar de ser construídas, uma vez que essas construções utilizam combustíveis fósseis. O simulado ainda equivale à metade da capacidade instalada de geração de energia eólica na União Européia em 2010.

“Não temos ainda um estudo similar a este para o Brasil, mas tudo indica que, apesar da matriz energética brasileira ser significativamente mais limpa que a da União Européia, os resultados ainda seriam igualmente expressivos", afirmou Moreno.

O software está diponível gratuitamente no site: www.leonardo-energy.org

:: Da Redação www.portallumiere.com.br