Uma combinação de alto custo da energia elétrica, dificuldade de competição com produtos importados e atração por incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil fora da rota de investimentos de empresas estrangeiras.
Paulo Costa
Um estudo produzido pelo jornal O Estado de S. Paulo aponta que indústrias de setores eletro-intensivos, onde o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico, papel e celulose, estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.
O artigo dá exemplos práticos e de importância, onde não constam apenas investidores estrangeiros mas também empresas nacionais. “Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos. A Stora Enso abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai. A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.”
O Brasil ainda tem geração suficiente de energia mas o problema maior parece ser a carga tributária do setor elétrico, que ultrapassa 50%. Como consequência, o custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), contra US$ 30, segundo a consultoria Commodities Research Union (CRU).
Enquanto isto se arrastam as construções de novas hidrelétricas e praticamente nada é feito em termos de co-geração de energia elétrica a partir da biomassa, particularmente do bagaço de cana-de-açúcar. O fato é que para onde se olhe abundam os problemas de infra-estrutura, cruciais para sustentar o crescimento forte da economia de nosso país.
Foto: “Lâmpada Fluorescente sob Linhas de Alta Tensão” por BaronAlaric.