terça-feira, 17 de julho de 2012

Controladores do BMG investem em eólica

A família mineira Pentagna Guimarães, dona do banco BMG, está revendo seus negócios. A intenção é fortalecer atividades não financeiras, principalmente na área de energia e agrícola. As novas apostas envolvem desde unidades eólicas a uma fazenda para produção de alimentos em Moçambique, no leste africano.


Nessa redefinição de perfil, o clã se desfaz de algumas empresas não financeiras para se concentrar nos ramos em que acredita mais. Hoje, por exemplo, a Brasfrigo, fábrica de vegetais em conserva, sopas, molho de tomate entre outros produtos encerra suas atividades.

A Brasfrigo é dona de marcas Jurema, Jussara e Tomatino e deve demitir, hoje, cerca de 200 funcionários. A fábrica fica em Luziânia, Goiás. Outros 200 funcionários permanecem na empresa cuidando da manutenção e dos estoques até que a fábrica seja vendida. O vice-presidente da holding não-financeira da família, Daniel Ribeiro Kaltenbach, espera que as negociações para a venda sejam concluídas em 60 dias. A empresa já teve 1.500 funcionários, mas vem reduzindo seu quadro desde o ano passado.

Atualmente, aproximadamente 80% da receita do ramo dos Pentagna Guimarães que é ligado ao banco - e cujas atividades empresariais em Minas remontam ao fim do século 19 - vem das atividades financeiras, diz Kaltenbach.

Na semana passada, os controladores fecharam uma parceria com o Itaú Unibanco para criação de um terceiro banco que só atuará com crédito consignado - produto no qual o BMG se especializou. A expectativa da família é que o BMG continue crescendo, mas, que dentro de cinco anos, a dependência em relação à instituição e a outras empresas do setor financeiro seja menor, diz o executivo. "A meta é aproximar a lucratividade das não financeiras à do banco."

Segundo ele, em vez da relação 80% e 20%, o que se quer é que os negócios financeiros e não financeiros cada um mais ou menos com 50% da lucratividade, diz Kaltenbach. No ano passado, o banco teve lucro líquido de R$ 583,5 milhões. As empresas não financeiras - sobretudo as fazendas em Minas e a Brasfrigo - registraram faturamento de R$ 350 milhões.

A reestruturação dos negócios e o fortalecimento das atividades não bancárias começaram a ser desenhados em 2011 e não tem relação com a operação com o Itaú, diz o executivo. Mas são ações que de alguma maneira se ajudam: a parceria com o Itaú pode ajudar a fortalecer a marca BMG em outros negócios e vice-versa, diz.

Antes de fechar a Brasfrigo, os Pentagna Guimarães já se desfizeram de duas empresas: uma de tratamento de água, a Etatec, e outra de medidores de consumo de energia, a Electrometer. "Nosso objetivo é manter o foco em alguns segmentos que consideramos estratégicos para o desenvolvimento do país, em setores do futuro."

O presidente da holding não financeira, a Empresa Brasileiras de Desenvolvimento e Participações, é Flávio Pentagna Guimarães, o patriarca octogenário que participa ativamente dos novos projetos assim como das discussões sobre os negócios financeiros.

Um dos projetos "do futuro" nos quais a família está investindo é o de geração eólica. A holding tem uma parceria com Furnas e está construindo usinas eólicas no Rio Grande do Norte e no Ceará. A empresa do grupo BMG venceu um leilão de energia no ano passado, o qual cumprirá com esse projeto.

"Nos próximos dois anos, nossos investimentos no setor de energia serão de R$ 500 milhões. Não só em eólica, mas também na fábrica de torres de transmissão", diz Kaltenbach. Esse é outro negócio "do futuro" no qual aposta. O executivo diz que espera dobrar a receita da Damp (que atua na transmissão) em 2013 para R$ 120 milhões. Ainda no setor de energia, outro projeto é o de construção de linhas de transmissão, já em curso, em parceria com a Abengoa.

Os planos incluem investimentos em Moçambique. Donos da 120 mil hectares de café, soja, milho, feijão e onde também criam gado no Brasil, eles trabalham em um projeto de plantio para produção de alimentos no país africano para exportar para o mercado sul-africano, asiático e do Oriente Médio. O projeto deve ser de plantio de soja ou tomate. O projeto envolve arrendamento de terras.

Fonte: Valor Econômico