Em agosto, fonte atingiu o suficiente para abastecer 4 milhões de lares.
Atualmente, ela corresponde a 2% da energia produzida no Brasil.
Cristiane CardosoDo G1, no Rio
Energia eólica deverá ser a segunda que mais
crescerá no país, diz Tomalsquim, da EPE
(Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini )
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao governo federal, estima que, em 10 anos, a energia gerada pelo vento responderá por 11% de toda a eletricidade fornecida no Brasil. Atualmente, ela corresponde a 2% do total.
Em 8 anos, a meta é que essa porcentagem aumente para 9,22%.
"Todas as nossas perspectivas que ela [a indústria eólica] salte dos atuais 2% para algo como 11 ou 12% de participação de energia em dez anos.
É a fonte, depois da hídrica, que mais vai crescer nos próximos 10 anos. Realmente a eólica está numa fase muito boa”, afirmou o presidente da EPE, Maurício Tomalsquim.
A energia eólica atingiu, neste mês, a capacidade instalada de 5 gigawatts, o suficiente para abastecer cerca de 4 milhões de lares brasileiros ou 12 milhões de pessoas, o que corresponde a uma cidade do tamanho de São Paulo, segundo dados divulgados durante a 5ª edição do Brazil Windpower, nesta terça-feira (26).
“A segunda fonte que mais deve crescer nesses dez anos é a eólica, com total de 20 gigawatts, que é algo bastante expressivo, se considerar o que já entrou e o que vai entrar.
A primeira (entre as que mais crescerão) é a hidroeletricidade, que ainda tem papel importante e deve ter 70 GW de capacidade a mais”, completou Tolmasquim, afirmando ainda que “a eólica tem gerado mais energia do que as plantas nucleares”.
Preocupações
Para Hermes Chipp, diretor-geral do Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), no entanto, o possível aumento da parcela da energia eólica também é preocupante.
“Do ponto de vista energético, a gente tem ventos favoráveis. Até nesse aspecto o Brasil é privilegiado. Mas tem um período em que venta mais, que é à noite.
E o Brasil, o seu perfil de carga está em mudança significativa. Antigamente a ponta do sistema, o pico de consumo era 18h30 a 19h30 e hoje, no verão, está dando em 15h30”, explicou.
“Essa energia se conecta de uma forma geral, mas em pequenos sítios, onde você tem um sistema mais frágil do que o de alta tensão.
Vai ter que enfrentar eventos elétricos (mudanças climáticas muito severas que possam interferir no fornecimento de energia). Já estamos enfrentando”, completou Chipp.
Limites da eólica
Apesar da expectativa, Tolmasquim admitiu que ainda não tem a resposta para o limite brasileiro para a energia eólica. Ele acrescentou ainda que “não vai reinventar a roda”.
“Não é claro qual é o limite técnico intermitente. Como o Hermes falou, tem questões elétricas e termos energéticos, como ele chama.
É uma questão ainda tem que ser resolvida. Por enquanto estou tranquilo, mas a gente tem que ter essa resposta rapidamente”, ressaltou.
Ano ruim para a hidrologia
Representando o Ministro Edison Lobão, Tolmasquim afirmou ainda que o Brasil não teve nunca em sua história um início de ano tão ruim, no que concerne hidrologia – que é a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e movimentação da água.
“A gente costuma comparar a situação com o ano de 2001, que foi o ano do racionamento”, no entanto, ele ressaltou que apesar disso, o nível dos reservatórios hoje estão 8 pontos percentuais acima do nível de 2001.
"E isso sem racionamento, porque em 2001, estava tendo racionamento".
Segundo Tolmasquim, a “diferença estrutural que a gente tem hoje em comparação com 2001” é um dos fatores. A taxa de crescimento de capacidade instalada de usinas é outro motivo.
De acordo com ele, entre 1995 e 2001, a taxa de crescimento e consumo de energia elétrica cresceu 7% acima da taxa de capacidade instalada de usinas.
“Entre 2001 e 2013, a taxa de crescimento de capacidade instalada cresceu 43%.
A demanda de energia cresceu 5% ao ano e as térmicas cresceram 13% ao ano”, explicou, completando que o intercâmbio entre as regiões é o terceiro fator importante.