Por Natália Bezutti
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), por meio de seu Grupo Setorial Fotovoltaico, apresentou em Brasília um estudo para a inserção da geração solar na matriz brasileira.
O documento busca atacar de frente uma das principais resistências que persistem contra o uso da fonte, que é o alto custo da geração.
O material, elaborado com apoio das consultorias LCA e PSR, aponta que esses valores estão caindo rapidamente e que, mesmo hoje, já estão em patamares muito abaixo que era especulado no mercado.
Simulações apontariam que, no caso de construção de usinas que vendessem toda a energia gerada em contratos de 25 anos, o valor de comercialização poderia ficar entre R$242 a R$407por MWh. A variação se deve à alteração nas taxas de retorno ou nos sistemas de amortização do financiamento.
A tendência, ainda segundo a Abinee, seria uma continuidade da redução de custos "no curto prazo", o que poderia fazer com que as regiões do País com melhor irradiação solar atingissem, em cerca de dez anos, um custo de produção de R$125 por MWh.
A sugestão da entidade, que reúne mais de 140 empresas interessadas em investir em energia solar no Brasil, é de que o governo realize um leilão de contratação de usinas solares para alavancar o setor.
A ideia é que, com isso, o País se tornaria "uma vitrine", principalmente em meio à desaceleração dos Estados Unidos e da Europa.
"Os investidores globais estão se posicionando fortemente e a curva de aprendizado do setor é altamente acelerada. Neste ambiente, o Brasil corre o risco de perder a oportunidade de se posicionar como um ator dentro de uma indústria altamente estratégica", analisa o estudo.
Microgeração
Em parelalo, é sugerida a criação de incentivos também para a geração distribuída, recentemente aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As propostas incluem financiamentos por BNDES, Fundo Clima e Caixa de linhas para consumidores comprarem painéis fotovoltaicos.
Agentes comercializadores também poderiam entrar no esquema, ao intermediar o crédito e instalar os sistemas. O preço seria de, em média, R$10 mil para residências médias.
Na análise de regiões propícias para a fonte, aparecem o Oeste dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia; todo o Piauí; o leste de Tocantins, Maranhão e Goiás; além da faixa de sertão de Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
O custo da produção por placas solares já seria competitivo com o valor cobrado por diversas distribuidoras, como Energisa MG, Chesp, Celtins, AMpla, Cemar, Cemig, Coelba, Cemat, Coelce e Enersul.
Potencial
O estudo aponta que, no final de 2011, havia cerca de 69GW solares instalados no mundo. No Brasil, seriam cerca de 31,5MWp, sendo 30MWp em sistemas não conectados à rede.
Em contribuição ao Plano Decenal de Energia, a Abinee sugere que sejam contratados 2GW da fonte no País até 2020, como meio de dar início ao desenvolvimento do setor.
O material apresentado pela associação que reúne a indústria foi patrocinado por 44 empresas que fazem parte do Grupo Setorial Fotovoltaico.