terça-feira, 31 de maio de 2011

Energia eólica ganha impulso e reforça matriz renovável brasileira

Com informações do MCT -

Investimentos em energia eólica
 
O Brasil aposta no potencial dos seus ventos para ampliar o leque de opções e garantir a sustentabilidade no fornecimento de energia.

O investimento em energia eólica ganhou força nos últimos dois anos.

Atualmente, a energia eólica no Brasil possui aproximadamente 1,1 GW (gigawatt) de potência instalada, o equivalente a quase uma usina nuclear brasileira (Angra 1 tem 0,65 GW e Angra 2 tem potência de 1,35 GW).

O coordenador de Tecnologia e Inovação em Energia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Eduardo Soriano, lembra que a primeira turbina eólica para geração de energia elétrica conectada à rede foi instalada na Dinamarca em 1976.

"Hoje existem mais de 30 mil turbinas eólicas no mundo. Elas também começaram a crescer em tamanho. Antes elas cabiam numa sala; hoje os postes que seguram as turbinas podem ter até 120 metros de altura", observa.



A energia eólica contribui para a manutenção dos altos 
índices de energias renováveis da matriz energética brasileira. 
[Imagem: MCT]

Preço da energia eólica

Apesar do crescimento recente, utilizar o potencial dos ventos ainda é novidade no Brasil. O primeiro leilão de comercialização de energia, voltado exclusivamente para fonte eólica, foi realizado em 2009.

O resultado foi a contratação de 1,8 Gigawatt (GW), distribuídos em 71 empreendimentos de geração eólica em cinco estados das regiões Nordeste e Sul.

Já no leilão de 2010, foram contratadas mais 70 usinas eólicas, com potência total de 2 GW, também distribuídos em vários estados.

Aprovada instalação de mais nove parques eólicos no Brasil


Um dos motivos que estão estimulam o investimento em energia eólica no Brasil é o preço competitivo no mercado em relação às outras energias.

Segundo Eduardo Soriano, as primeiras instalações tinham preços cerca de duas a três vezes maiores na comparação com o custo atual.

"Nos últimos anos, houve leilões específicos para energia eólica. Os primeiros preços beiravam R$ 300,00/megawatts hora. No leilão de 2009 foi em torno R$ 148,00 e no leilão 2010 foi de R$ 130,00. Então se pode ver que houve uma redução de preços da energia eólica no Brasil e ela está entrando de uma forma muito competitiva", informa o especialista.
otimizando sua posição e ajustando a inclinação das pás 
para aproveitar melhor o vento. 
[Imagem: Risoe]

Energia limpa


Outro ponto favorável à energia eólica é a necessidade de compor matrizes energéticas mais limpas, renováveis e menos poluentes. O Brasil já é um dos países que têm mais energias renováveis na sua matriz energética: em torno de 45% da energia produzida no Brasil vem de fonte renovável, sendo 90% na geração de energia elétrica.

A energia eólica contribui para a manutenção dos altos índices de energias renováveis da matriz energética brasileira, mas na avaliação de Soriano, ela não pode ser encarada com uma solução definitiva e o Brasil não pode desprezar outras opções. Ele alerta que é fundamental para um país não depender de uma só fonte de energia.

"[É necessário] diversificar as fontes. Vamos supor que o vento pare. Não vai ter energia?", indaga. "Então é preciso ter uma diversificação, um pouco de energia eólica, hidráulica, termonuclear, termelétrica, carvão e óleo. É preciso ter as várias fontes funcionando em conjunto para que se possa ter uma segurança energética", sustenta.

Por conta da instabilidade dos ventos, a energia eólica compõe o sistema brasileiro de distribuição de energia e não chega a atender uma cidade específica. É conectada às várias linhas de distribuição de energia espalhadas pelas diversas regiões brasileiras.

Além da região Nordeste, os ventos do Sul do país e também do Rio de Janeiro concentram os ventos com potencial para a geração de energia, especialmente, na faixa do litoral. Ao contrário de locais como a Dinamarca, que possui usinas eólicas no mar, no Brasil elas estão instaladas em terra.

Investimento e pesquisa


O investimento governamental também incentiva o crescimento do setor. As primeiras instalações surgiram a partir de um programa do Ministério de Minas e Energia, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), que subsidiou a energia eólica no Brasil, além de outras alternativas como a geração a partir da bioenergia e a energia hidráulica de pequeno porte.

Desde 2002, o MCT investe recursos em pesquisa, principalmente na produção de peças, parques e sistemas para geradores eólicos, tais como: conversores, elementos mecânicos de torres, sistemas de controle, aerogeradores de pequeno porte, pás etc.

Tecnologia nacional cria rotor aerodinâmico para turbinas de energia eólica


Em 2009 e 2010, o ministério implementou editais de subvenção econômica com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), direcionado para empresas, nos quais foram aprovados 14 projetos envolvendo recursos da ordem de R$ 25 milhões (incluindo as contrapartidas empresariais).

Tais investimentos, aliados aos incentivos governamentais para a implantação da energia eólica na matriz energética, têm alavancado no Brasil o mercado de peças e partes, o que está contribuindo com o aumento dos índices de nacionalização dos aerogeradores que estão sendo produzidos no país por diversas empresas. Alguns itens como pás, estão sendo exportados para diversos países do mundo.

Profissionais na área de energia


Agora o grande desafio a ser superado é a falta de mão-de-obra especializada e de laboratórios capacitados. Para isso, o MCT deve lançar, ainda neste ano, um edital, no valor em torno de R$ 15 milhões, para formar recursos humanos de alto nível (pós-graduação, mestrado e doutorado) e criar laboratórios nos diversos estados, com prioridade para os locais com projetos em energia eólica.

Empresários querem centro de pesquisa sobre energia eólica


A carência de profissionais na área de energia é uma situação preocupante na avaliação de Eduardo Soriano. De acordo com ele, está faltando engenheiros e técnicos no mundo inteiro na área de projetos, de implantação e de operação de energia eólica. O que representa uma deficiência que precisa ser suprida para dar suporte a esse crescimento da energia eólica.

"Para ser competitivo, não basta ter só ventos, equipamentos e uma política de implantação de energia eólica. Precisamos ter também recursos humanos e laboratórios pra dar suporte a esse crescimento da energia eólica no Brasil", reforça Soriano.

Fonte: Inovação Tecnológica

terça-feira, 24 de maio de 2011

Elétricas investem em geração a partir do biogás

Itaipu, Cemig, Celesc, Copel e SCGás desenvolvem projetos que, além de reduzir a emissão de poluentes, garantem preços menores

Com recurso modesto e matéria- prima abundante a geração de energia a partir do biogás está se tornando uma opção de investimento para as empresas do setor elétrico. 
 
Maior geradora de energia da América Latina, a partir de fonte hidráulica, Itaipu avança em energias  renováveis com o Condomínio de Agroenergia, projeto com 34 biodigestores instalados e 13 quilômetros de gasoduto (outros 11 quilômetros estão sendo construídos) ligados a uma microcentraltermelétrica. Dentro  de 30 dias, a binacional irá implementarum posto de fornecimento de biogás automotivo no complexo localizado em Marechal Cândido Rondon (PR). O condomínio produz hoje pouco mais de mil metros cúbicos de biogás por dia, destes 20% serão destinados ao posto de abastecimento. Além do fim combustível, o biogás é utilizado para geração de energia elétrica e térmica.

De acordo com o superintendentede energias renováveis de Itaipu, Cícero Bley, a companhia começou a investir em projetos na área de biogás em  2008 e desde então já viabilizou oito projetos. "Cada um gera cerca de 1 megawatt (MW) que estão sendo vendidos para a  Copel - Companhia Paranaense de Energia", diz. Já foram investidos nesses projetos US$ 5 milhões, recursos da própria  Itaipu, da Financiadora de Estudose Projetos (Finep) e empresas e cooperativas parceiras.

A experiência de Itaipu é apenas um exemplo do interesse de grupos de energia no biogás. Em outra ponta da cadeia a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) iniciou este mês a comercialização da energia gerada a partir  do lixo, fruto de uma parceria com o italiano Consórcio Horizonte Asja, grupo que controla a linha de produção. Conforme contrato, a Cemig receberá anualmente, até 2014, 4,9 MW médios, energia suficiente para  abastecer, por exemplo, todo o município de Diamantina nessemesmo período.

O superintendente da Cemig  na área de compra e venda de  energia no atacado, Marcos Aurélio Alvarenga, destaca as vantagens na aquisição da energia gerada a partir do biogás. Além  da redução na emissão de CO2, tanto o gerador quanto o cliente não pagam pelo custo e transmissão. "Umconsumidor cativo e que ao comprar essa energiamigra para o mercado livre tem desconto total de energia entre 10% e 12%", avalia.

As Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) também iniciará a comercialização de energia gerada a partir do  gás. Em parceria com a Granja São Roque, que tem um plantel de 47 mil suínos, a empresa acrescentará 0,3 MW ao sistema elétrico a partir de junho. "O estado tem uma produção  significativa de dejetos suínos equeremos formar Sociedades de Propósito Específico para  investir em geração", afirma o diretor técnico da Celesc Geração, Michel Becker.

A exemplo da Copel, a Companhia estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE) vai começar a receber  energia produzida pela termelétrica BioTérmica Recreio, localizada no Município de Minas do Leão, que recebeu nesta semana autorização para se estabelecer como Produtor Independente de Energia Elétrica. A  usina que será implementada até janeiro de 2013 pela empresa  Biotérmica Energia terá capacidadeinstalada de 6,3 MW comutilização de biogás. A Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás), controlada da Celesc, também irá desenvolver umprojeto de biogás com a Sadia e a Biogastec do Brasil que usará dejetos suínos.

(Brasil Econômico)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Acidentes do trabalho: uma doença endêmica que acontece no Brasil todo

O número de acidentes de trabalho vem crescendo em todos os setores econômicos e, segundo dados do governo, os acidentes e doenças do trabalho custam, anualmente, R$ 10,7 bilhões aos cofres da Previdência Social, através do pagamento do auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadorias. 
 
 
Deve ser frisado que essas estatísticas de acidentes de trabalho refletem somente os acidentes registrados pela Previdência Social. Estima-se que ainda haja no Brasil uma alta taxa de subnotificação de acidentes de trabalho.

A prevenção aos acidentes do trabalho é a ferramenta mais importante para evitar a incapacitação de milhares de trabalhadores. Para os especialistas, a prevenção aos acidentes do trabalho é a ferramenta mais importante para evitar a incapacitação de milhares de trabalhadores, apesar de muitas empresas não entenderem a prática como um investimento rentável. Enquanto este quadro não mudar será difícil conseguir reduzir o número de acidentes de trabalho.

Algumas mudanças na rotina de trabalho, entretanto, também podem minimizar os efeitos nocivos que a própria rotina de algumas profissões ocasiona. Já é comum em muitas empresas a prática da ginástica laboral, que previne contra as lesões por esforços repetitivos (LER). Algumas oferecem também academias, cinema no horário do almoço e palestras sobre qualidade de vida, que comprovadamente melhoram a produtividade do trabalhador.

As empresas não consideram rentável investir na segurança do trabalho porque após o 15º dia de afastamento quem garante o salário do acidentado é a Previdência Social. O que se pode propor é a uma mudança na legislação e obrigar os empregadores a pagarem todos os custos de acidentes de trabalho causados, por exemplo, por negligência da empresa. A partir do momento em que o empresário sentir no bolso os custos dos acidentes, ele vai se preocupar em investir em prevenção e saúde ocupacional e isso precisa ser debatido por empregados, empregadores e governo.

O presidente da Target Engenharia e Consultoria, Mauricio Ferraz de Paiva, acredita que uma solução para amenizar todo essa conjuntura é conhecer a norma NBR 18801 de Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho (SST) – Requisitos, a fim de auxiliar no gerenciamento pela redução de acidentes e doenças ocupacionais. “Alguns dos referenciais da norma são a normativa internacional OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series) e as Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de SSO da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo a ABNT, essa norma vai além e busca levar em conta peculiaridades da realidade brasileira e das micro e pequenas empresas. Ela engloba o gerenciamento dos processos em questões de SST estimulando a melhoria contínua das condições de trabalho e contribuindo para a redução de custos, riscos, acidentes e doenças ocupacionais”, explica.

“Muitas organizações estão implementando um sistema de gestão da saúde ocupacional e segurança como parte de sua estratégia de gerenciamento de riscos para tratar questões como a mudança de legislação e proteção de sua força de trabalho. Um sistema de gestão da segurança e saúde ocupacional promove um ambiente de trabalho mais saudável e seguro porque é uma ferramenta que permite às organizações identificar de forma consistente e controlar os riscos para a saúde e segurança, reduzindo o potencial de acidentes, melhorando a conformidade legal e o desempenho da organização como um todo”, acrescenta.

Enfim, a situação atual do trabalhador brasileiro é reconhecidamente grave em relação à saúde e segurança no ambiente de trabalho. A cada dia, empregados brasileiros sofrem acidentes de trabalho. Infelizmente muitas vezes com morte ou incapacidades permanentes e, com efeito, famílias inteiras desmembradas e desprotegidas. Nas últimas décadas algumas medidas foram adotadas no sentido de melhorar as condições de trabalho e, por conseguinte, a saúde e segurança laboral.

“O enfoque deve mudar de curativo e reativo para preventivo e proativo. E a busca da conscientização e da transformação das intenções em ações depende de cada um e de todos, pois a saúde é responsabilidade de todos, mas só se responsabiliza e compromete aquele que é livre para pensar e agir, sendo consciente de si mesmo e da realidade. Pois somente nessas condições, é possível haver responsabilidade e comprometimento com ideias e valores”, conclui Ferraz.
 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Só empresas preparadas vão lucrar com a Copa

Estudo encomendado pelo Sebrae à Fundação Getúlio Vargas mostra que evento vai gerar muitos negócios para a construção civil, mas também será seletivo
 Por: Altair Santos

Recente pesquisa encomendada pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) à FGV (Fundação Getúlio Vargas) aponta que a construção civil é a mola-mestra dos negócios que já estão sendo gerados em torno da Copa do Mundo de 2014. Para o setor, o evento deve ser visto como mobilizador e acelerador de processos e oportunidades.



Dival Schmidt Filho: “A construção civil é a mola-mestra, pois hoje ela é o setor mais procurado e mais demandando para a Copa do Mundo.”

É o que revela Dival Schmidt Filho, coordenador do comitê técnico do Programa Nacional para Atuação do Sistema Sebrae na Copa de 2014. Ao mesmo tempo, o gestor revela que as empresas precisam estar organizadas para se candidatar às possibilidades de negócios que despontam no país. As que não estiverem adequadas, avalia o estudo do Sebrae, não terão como competir. Confira na entrevista a seguir como se dará esse processo seletivo:

O “Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede” apontou que a Copa do Mundo criará 128 grandes oportunidades para as pequenas empresas da construção civil. Que oportunidades são essas?

São oportunidades vinculadas às várias funções do setor, mas as principais dizem respeito às atividades como canteiros de obras, parte administrativa, fornecimento de alimentação, manutenção e proteção patrimonial. Tem também as áreas de fiscalização e gerenciamento, ligadas a certificação de qualidade, controle tecnológico de resistência de concreto, auditorias, serviços médicos e de saúde, equipes de proteção, equipamentos tipos EPI’s, meio ambiente, proteção e segurança no trabalho, além das obras civis propriamente ditas, que dizem respeito ao parque de instalações, paisagismo, pavimentação, sinalização e terraplanagem. Incluem-se ainda a parte de projetos, como elaboração e serviços especializados, além da função relacionada a materiais e insumos, que está mais vinculada ao fornecimento à parte comercial da construção civil.

A construção civil é o setor que mais irá se beneficiar do evento? O estudo mostra com qual fatia ela ficará do total de recursos a serem investidos na Copa?

Obviamente é um dos setores que mais se beneficiará, até por que os investimentos estão fortemente vinculados à parte relativa a infraestrutura, mobilidade urbana e arenas desportivas. Então, o conjunto destes investimentos iniciais atinge ao redor de 20 bilhões de reais. Agora, na própria construção civil o setor de serviços é fortemente beneficiado, assim como o setor de tecnologia da informação. Mas a construção civil é a mola-mestra, pois hoje ela é o setor mais procurado e mais demandando para a Copa do Mundo, e a partir dela forma-se um encadeamento produtivo, beneficiando outros setores.

Qual a lição de casa que uma pequena empresa da construção civil precisa fazer para estar entre as que irão se beneficiar do evento?

Para que estas empresas estejam realmente aptas para participar deste processo de oportunidades elas precisam ter requisitos que as credenciem. Trata-se de um conjunto de processos, tanto na área de gestão como na parte de formalização e de documentação em geral. Como o foco do evento é fazer uma Copa Verde, empresas que tenham programas voltados à sustentabilidade e com certificações levam vantagem. É fundamental para as empresas que elas comecem o dever de casa identificando e avaliando se têm ou não requisitos para entrar neste jogo. O estudo do Sebrae preceitua isso, junto com a Fundação Getúlio Vargas, como condição sine qua non para entrada neste processo de oportunidades.

Quem ainda não está estabelecido como empreendedor da construção civil e quer entrar no mercado agora, para aproveitar oportunidades de negócios gerados pela Copa, tem alguma chance de prosperar?

O Sebrae tem programas para novos empreendedores, novos entrantes que vislumbrem neste evento mobilizador a oportunidade de desenvolver negócios. Agora, é importantíssimo ressaltar que a Copa do Mundo é um evento mobilizador, acelerador de processo, é um evento de oportunidades, mas não é a solução para a expansão de negócios. É preciso que, quando se pense em estabelecer novos negócios para aproveitar oportunidades, se vislumbre também a perspectiva da estratégia do médio e longo prazo para que não haja nenhum processo de frustração. A Copa tem data de vencimento, que é 2014. Pode haver uma expansão até 2016, por conta das Olimpíadas, mas volto a ressaltar: o evento é mobilizador e acelerador de processos.

Das 12 subsedes da Copa, quais devem gerar mais negócios?

Existe um cronograma de investimentos públicos que beneficiam a todas elas. Os valores vão variar, logicamente, em função dos planejamentos e dos programas que estão definidos. Algumas delas, que já têm boas estruturas, vão aperfeiçoar estas estruturas; outras vão criar estas estruturas, principalmente na área de mobilidade urbana e na área de infraestrutura. Todas vão ter benefícios de fluxo de investimento para garantir uma participação efetiva de oportunidade.

Por regiões do país, em específico o Sul, há dados sobre o impacto do evento na construção civil do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul?

Especificamente, no Rio Grande do Sul e no Paraná, que serão subsedes, há uma situação peculiar, pois os dois estados terão arenas privadas. Além disso, são cidades que já têm uma organização urbana bastante razoável e cujo investimento maior será na mobilidade. Tem também a parte ligada à infraestrutura aéreo-portuária, mas o volume de investimentos estão extremamente direcionados em três grandes vetores: infraestrutura; mobilidade urbana e serviços em geral. Esta última parte alcança o turismo, que num determinado período, principalmente durante o evento, vai ter um efeito muito significativo.

O Sebrae prepara seminários para que essas empresas possam saber aproveitar as oportunidades geradas pela Copa? Que seminários são esses?

Começamos no ano passado um processo de divulgação em algumas cidades. A partir deste mês de maio, vamos começar um programa de doze eventos que vão exatamente colocar em prática o programa e os seus principais efeitos, que visam a busca da convergência dos interesses dos ofertantes e das demandas decorrentes destas oportunidades.

O “Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede” revela o quanto de emprego será criado e quais as especialidades que serão mais procuradas pelo setor da construção civil?

O que nós temos hoje, em termos de estudo que quantifica emprego, está na ordem de uns três milhões e meio, mais ou menos. Este é um estudo econométrico feito pela Ernest&Young e pela Fundação Getúlio Vargas. Então, eles sinalizam esse volume de empregos, mas na sua grande maioria temporários. O esforço dos agentes de desenvolvimento do país é fazer com que a maioria destes empregos temporários se torne permanentes.

Dos 9 setores da economia mapeados pelo Sebrae, quais serão os mais beneficiados, além da construção civil?

O turismo vai ser extremamente ativo, assim como a tecnologia de informação, o agronegócio, principalmente no campo de produtos orgânicos, e áreas como madeira e móveis, vestuário, moda, têxtil e confecção. São setores que poderão tirar bom proveito do evento mobilizador que é a Copa do Mundo.

Entrevistado
Dival Schmidt Filho, coordenador do comitê técnico do Programa Nacional para Atuação do Sistema Sebrae na Copa de 2014
Currículo
Graduado em economia, já atuou na Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) e hoje ocupa a coordenação do comitê técnico do Programa Nacional para Atuação do Sistema Sebrae na Copa de 2014
Contato: dival.schmidt@sebrae.com.br


Crédito: Bernardo Rebello/Agência Sebrae
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330



Fonte: Cimento Itambé

segunda-feira, 9 de maio de 2011

RN quer emplacar 119 novos parques

Fred Carvalho e Andrielle Mendes - editor do TN Online e repórter de Economia

O Rio Grande do Norte inscreveu 119 projetos eólicos nos leilões A-3 e de reserva do Ministério de Minas e Energia. Juntos, os projetos representam 5.764 mil MW de energia elétrica. 
 
A informação foi repassada ontem pelo ex-ministro e atual secretário executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermamn, durante audiência pública, proposta pelo deputado estadual Walter Alves. O número ainda não é definitivo. Os processos ainda passarão pela fase de habilitação. Embora o Ministério não tenha antecipado se o RN se mantém como líder em número de projetos, afirmou que a quantidade de energia proposta para ser produzida no estado supera a meta nacional, que é de 5 mil MW por ano.


emanuel amaralOs projetos do Rio Grande do Norte inscritos para os leilões deste ano representam 5.764 mil MW de energia elétrica. O número é maior que o registrado nos leilões anteriores, mas ainda pode mudarA quantidade de energia proposta para o RN, segundo Jean Paul Prates, ex-secretário estadual de Energia e presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), é um pouco maior que a registrada nos últimos leilões, e mostra que, apesar dos entraves, há mercado. Ele estima que do total de projetos inscritos, 40% sejam aprovados, representando pouco mais de mil MW. A taxa de aprovação é a melhor do País e, se atingida, garantirá a liderança do RN na próxima disputa, agendada para julho deste ano. O novo leilão, considerado o mais competitivo de todos, marcará uma melhor distribuição dos parques eólicos no Rio Grande do Norte, segundo Prates. E também garantirá cifras robustas em investimentos no estado. Cálculos do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, apontam que os investimentos poderão chegar a R$12 bilhões.

A audiência também abordou os entraves do setor. Entre eles, a falta de uma rede de transmissão. Para Flávio Azevedo, presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), a falta de infra-estrutura pode afugentar investidores e estigmatizar o estado. Flávio relembra que os 61 parques aprovados nos últimos leilões ficarão prontos antes da linha de transmissão, que escoará a energia produzida. Além de causar prejuízo aos investidores, a falta de conexão causaria insegurança nos investidores que desejam se instalar no estado, segundo ele. Segundo Maurício Vieira dos Santos, diretor de desenvolvimento da empresa australiana Pacif Hydro, a falta de infraestrutura pode limitar os investimentos do grupo no RN. “Prospectamos estados que tenham acesso, conexão e vento. Se algum estado não tem conexão, procuramos outro. Isso é fato”, afirma.

Flávio Azevedo, da Fiern, prefere não apontar culpados. “O Nordeste não tinha uma boa infraestrutura, porque não tinha demanda, era pouco industrializada e o consumo de energia elétrica, baixo. De repente, isso mudou e nossa rede de distribuição de energia não estava preparada para isso. Não tem nenhum culpado. Mas existe um problema e ele precisa ser priorizado pelo governo federal”, afirmou. Segundo Zimmermamn, a falta de conexão não é ‘privilégio’ do Rio Grande do Norte. “A usina de Jirau ficará pronta antes da linha de transmissão”, exemplificou. Apesar dos percalços, afirmou que os investidores continuarão investindo no RN e que o governo federal tentará antecipar a conclusão do linhão para maio de 2013, informação antecipada pela Tribuna do Norte, em matéria publicada no dia 05 de abril.

Eólica interioriza desenvolvimento

Avaliada como produtiva pelo deputado estadual Walter Alves (PMDB), a audiência pública reuniu governo estadual, federal, investidores e órgãos ambientais. “A discussão mostrou o interesse do governo estadual e federal no sentido de resolver o problema o mais rápido possível”, avaliou. A meta, segundo ele, é transformar o Rio Grande do Norte num pólo produtor e exportador de energia eólica, o que só poderá ser alcançado com mais investimentos em infra-estrutura. A energia eólica, para Walter, é a chance de interiorizar o desenvolvimento econômico, melhorar os indicadores sociais e mudar a realidade dos pequenos municípios potiguares. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), 13 municípios potiguares já estão recebendo investimentos em energia eólica. João Câmara e Parazinho recebem 50% de todos os investimentos previstos.

Segundo Walter, o governo tem se mostrado bastante sensível diante dos entraves enfrentados pelos investidores. “A energia eólica pode mudar nossa matriz econômica, baseada no passado, no tripé boi, algodão e minério. Vamos transformar o RN no pólo industrial de energia eólica, mas para isso, é preciso superar alguns entraves, agilizando a concessão do licenciamento ambiental, construindo a linha de transmissão, melhorando as rodovias e ampliando o porto”.

Para discutir a construção do ‘linhão’, que permitirá o escoamento da energia produzida, Walter Alves convidou o ex-ministro e atual secretário executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermamn, que destacou o esforço realizado pelo governo federal para antecipar a conclusão do linhão para maio de 2013. Caso não consiga antecipar a conclusão, a Agência Nacional de Energia Eólica (Aneel), que regulamenta o setor, adiará a operação dos parques eólicos para setembro de 2013, como ficou acordado com o governo federal.

A audiência também contou com a participação do ministro da previdência Garibaldi Alves, do líder do PMDB na Câmara dos deputados, Henrique Alves, e do deputado federal, Agnelo Alves.

Perspectiva para o setor é de expansão

Apesar dos entraves, a perspectiva para o setor eólico é de crescimento. A participação da energia eólica na matriz energética brasileira pode subir 1.900% nos próximos dez anos, chegando a 20%, em 2020. Atualmente, a eólica corresponde a 1% da matriz, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABBEólica). Para Zimmermann, do Ministério de Minas e Energia, a meta anunciada pela ABBEólica é ‘razoável’. “Acredito que podemos alcançá-la, considerando a forma como a energia eólica tem se comportado até o momento. Acho que é uma meta razoável”. Segundo ele, um brasileiro consome, em média, 2,3 mil KW/H por ano, o que é considerado baixo, se comparado ao de países desenvolvidos. Um norte-americano, por exemplo, consome aproximadamente 14 mil KW/H por ano – quase seis vezes mais do que no Brasil. É neste consumo que Zimmermann está de olho. A diferença é que no Brasil boa parte da energia pode ser gerada de forma limpa. “Um país que precisa multiplicar seu consumo per capita por seis não pode abrir mão das energias renováveis”, diz.

Apesar de crescer 30% ao ano no mundo, a energia eólica ainda dá seus primeiros passos no Brasil. No RN, ela passou por diversas fases e hoje se encontra na fase de relativa decepção, dizJean-Paul Prates. “O setor passou pela fase de ceticismo, pela fase da euforia e passa pela fase de relativa decepção diante dos entraves que o estado enfrenta”, relata. Segundo ele, o estado vive uma ‘curva de conhecimento’. Ninguém imaginava que o País, e principalmente, o RN receberia tantos investimentos.

Longo prazo

“O Rio Grande do Norte precisa começar a se planejar a longo prazo, visando o futuro”. Essa é a opinião de Maurício Vieira, da Pacific Hydro, uma das empresas que investem no setor eólico. Para ele, os problemas já conhecidos devem ser resolvidos logo. “Todos sabemos do problema do porto, dos acessos, dos licenciamentos. Eles têm que ser resolvidos, mas de forma planejada a longo prazo. Não adianta fazer alguma coisa pontual”, disse. Hoje a Pacific, cuja matriz fica na Austrália, atua em dois projetos eólicos na Paraíba. “Nós participamos dos leilões anteriores aqui no RN, mas não vencemos. Mas temos projetos e vamos continuar tentando atuar no estado. Prova disso é que dos 40 funcionários da Pacific, 20 estão aqui neste Estado”.

Secretário admite “gargalos” e diz que governo está atento

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte (Sedec), Benito Gama, admitiu que ainda há “gargalos” no setor eólico potiguar, mas reafirmou que “eles já são de conhecimento do Governo, que continua tentando resolvê-los”.

“Esses gargalos são o porto de Natal, que precisa ser ampliado para receber equipamentos maiores; rodovias e ferrovias que comportem o transporte de peças; a construção do linhão de transmissão; e ainda o problema dos licenciamentos ambientais”, disse. Desses, o único que é de competência do Governo Federal é a construção do linhão.

Recentemente a governadora esteve com o ministro [de Minas e Energia, Edison Lobão] e apresentou uma lista de pedidos. “Ou seja, o Governo está atento”, ressaltou. Benito Gama disse também que a expectativa é de muitos investimentos no setor num curto espaço de tempo. Os negócios do setor, atualmente, giram em torno de R$ 8 bilhões. “Creio que ainda este ano estejamos produzindo cerca de 50% da energia eólica do Brasil. Esse número mostra que somos capazes e que estamos preparados para receber mais investidores”, completou.
 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Circuito híbrido unifica eletrônica e spintrônica


Redação do Site Inovação Tecnológica 



Esquema do circuito que integrou componentes eletrônicos 
e uma memória spintrônica feita de plástico.
[Imagem: Johnston-Halperin Lab]


Acaba de ser criado o primeiro circuito eletrônico que mescla os componentes semicondutores tradicionais com componentes spintrônicos orgânicos, dispositivos que usam o spin dos elétrons para ler, escrever e manipular os dados.

Memória spintrônica

O componente mais avançado do novo circuito é uma memória spintrônica orgânica, uma memória de plástico que usa o spin do elétron para guardar dados, desenvolvida pela equipe do Dr. Arthur Epstein, da Universidade do Estado de Ohio, em Agosto do ano passado.

Agora, a equipe do seu colega Ezekiel Johnston-Halperin integrou essa memória spintrônica de plástico juntamente com componentes semicondutores de arseneto de gálio, permitindo que ela funcione em um circuito eletrônico comum.

A prova de conceito de que componentes spintrônicos e eletrônicos funcionam em conjunto é um circuito no qual uma corrente elétrica polarizada pelo spin é emitida pelo material plástico, passando pelo arseneto de gálio e chegando até um diodo emissor de luz, um LED.

"As estruturas híbridas prometem uma funcionalidade que nenhum outro material, nem orgânico, nem inorgânico, pode alcançar sozinho," disse Johnston-Halperin.

Processador spintrônico


Em vez de detectar os 0s e 1s digitais pela presença ou ausência de elétrons, um dispositivo spintrônico lê a polarização do elétron - spin para cima ou spin para baixo -, uma propriedade quântica que faz cada elétron individual parecer um pequeno ímã.

Essas correntes elétricas polarizadas pelo spin foram fundamentais para se alcançar o nível de terabytes das memórias de armazenamento mais modernas, que não teriam sido possíveis sem a spintrônica.
Memória racetrack poderá substituir discos rígidos

O que os cientistas estão tentando fazer agora é levar a tecnologia spintrônica além do armazenamento de dados, para usá-la na parte lógica dos circuitos.

Um processador spintrônico consumirá muito menos energia, dissipará menos calor e permitirá a construção de computadores com boot instantâneo.
o primeiro circuito híbrido eletrônico-spintrônico não é muito bonito. 
[Imagem: Johnston-Halperin Lab]

Isto exige materiais que também sejam magnéticos - os semicondutores tradicionais que apresentam magnetismo geralmente o fazem em temperaturas criogênicas.

"A fim de construir um circuito spintrônico prático, nós precisamos de um material que seja simultaneamente semicondutor e magnético a temperatura ambiente. Pelo que eu sei, os materiais orgânicos fabricados pela equipe do Dr. Epstein são os únicos assim," diz Johnston-Halperin.
Construído transístor spintrônico semicondutor

Corrente polarizada pelo spin

O material spintrônico orgânico é feito com um polímero chamado tetracianoetileno de vanádio, responsável por colocar o spin de todos os elétrons no mesmo sentido.

Essa corrente polarizada passou através da camada de arseneto de gálio e chegou até o LED.

Para confirmar que os elétrons chegam polarizados no LED, os pesquisadores mediram o espectro e a polarização da luz emitida pelo LED - a luz de fato é polarizada, um efeito gerado pela corrente original, polarizada pelo spin.

Antes de chegar a um circuito eletrônico prático, o que deverá levar alguns anos, o dispositivo de testes poderá funcionar como uma ferramenta para que outros cientistas testem o spin em outros sistemas orgânicos. Bibliografia:

Electrical Spin Injection from an Organic-Based Ferrimagnet in a Hybrid Organic-Inorganic Heterostructure
Lei Fang, K. Deniz Bozdag, Chia-Yi Chen, P. A. Truitt, A. J. Epstein, E. Johnston-Halperin
Physical Review Letters
13 April 2011
Vol.: 106, 156602 (2011) [4 pages]
DOI: 10.1103/PhysRevLett.106.156602