quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eficiência pode gerar economia de R$6,8 bilhões para a indústria, diz estudo

Procel e CNI estão concluindo análise sobre potencial de economia de 217 projetos industriais


Crédito: GettyImages

A Eletrobras, no âmbito do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) desenvolve, em parceria com a Condeferação Nacional da Indústria, um estudo que se debruça sobre o potencial de eficiência energética da indústria brasileira. O texto, que aborda 217 projetos industriais, aponta para a capacidade de gerar uma economia de energia equivalente a R$6,8 bilhões por ano.
O gerente da divisão de eficiência energética na indústria e no comércio do Procel, Marco Aurélio Ribeiro Moreira, afirmou que o estudo está "em estágio avançado" e deve ser publicado em breve. "Nosso objetivo com essa publicação é organizar informações referentes ao mercado de eficiência no setor industrial. E o que se percebe é que, no Brasil, ainda não temos mecanismos diretos de incentivo", explicou Moreira.
O executivo falou durante o Simpósio EnVisioneering, promovido na última semana pela Danfoss do Brasil e focado em eficiência energética. Em sua apresentação, Moreira afirmou que o mercado está em uma situação que chamou de "dilema do prisioneiro", no qual as companhias tomam decisões sobre o uso de energia de forma totalmente individual. Essas decisões, por sua vez, são baseadas no aquecimento ou na retração do mercado e acabam prejudicando todos por não considerar os interesses coletivos.
Moreira lembra ainda que o País consumiu 388,1TWh de energia em 2009, sendo a indústria responsável por 42% desse montante. No Plano Decenal de Energia 2009-2019 está prevista uma meta de eficiência que levaria à conservação, até 2019, da energia correspondente à postergação da construção de uma hidrelétrica de 4.800MW

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Centrais Mini-hídircas: Resolução do Conselho de Ministros n.º 72/ 2010, de 10 de Setembro

A presente Resolução visa reforçar a utilização de energia hidroeléctrica proveniente de pequenos aproveitamentos hidroeléctricos – produção de energia até 10 MW de potência instalada - nomeadamente, através da simplificação dos procedimentos de licenciamento e das autorizações administrativas necessárias à implementação e exploração de centrais mini-hídricas, determinando que os procedimentos administrativos, em curso, sejam apreciados de acordo com o disposto na presente resolução.
Neste sentido, a Resolução prevê, até final de Outubro do presente ano e ao longo do próximo, o lançamento de procedimentos concursais de iniciativa pública, em várias regiões do País, para atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos, bem como para atribuição de capacidade de injecção de potência na Rede Eléctrica de Serviço Público (RESP) e identificação dos pontos de recepção associados para a energia eléctrica produzida em centrais mini-hídricas, tendo como objectivo alcançar atribuição de uma potência total de 150 MW.
Esta Resolução determina, ainda, que deverá ser aprovado um tarifário específico com uma tarifa média de referência indicativa de € 95 por MWh, a vigorar por 25 anos, atendendo a um prazo de concessão de 45 anos.
De realçar que a referida Resolução, visando a célere conclusão e exploração, prevê a aprovação de um regime especial aplicável às expropriações necessárias à concretização das centrais mini-hídricas a adjudicar na sequência dos referidos procedimentos concursais.
Por fim, importa referir que os procedimentos concursais referidos, podem ter igualmente como objecto aproveitamentos hidroeléctricos de média dimensão, isto é, com uma potência total não superior a 30 MW.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Companhia quer que a cidade, que será sede na Copa do Mundo, tenha tecnologia plenamente adotada até o mundial
Por Luciano Costa

Crédito: Anderson Baldime
A cidade de Curitiba, no Paraná, será uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. De olho na demanda por energia e investimentos que o mundial vai gerar, a Copel traçou um plano que prevê desenbolsos de R$350 milhões para, até lá, implantar no município uma rede elétrica inteligente, por meio da tecnologia mais conhecida pelo termo "smart grids".
"Estamos imaginando investir em tecnologia para melhorar a qualidade e a confiabilidade do sistema por meio de smart grids. Soluções de telemedição, de automação de manobras, de reversão automática de linhas, recomposição automática de subestações, enfim, estamos olhando para diversas ações de automação", revela o diretor de distribuição da companhia, Vlademir Santo Daleffe.
Segundo o executivo, o orçamento para 2010 já contempla R$20 milhões para a área. "A Copel já tem prospectado esse tema (redes inteligentes) há algum tempo. Em 2007 começamos a circular entre as principais empresas do mundo para detectar novidades tecnológicas para implantar no Paraná", explica Daleffe. O diretor afirma que a Copel tem feito diversos testes de soluções na cidade Fazenda Rio Grande, na região Metropolitana de Curitiba. A região serve como um laboratório da estatal paranaense. "Temos hoje 18 tecnologias em testes e, à medida em que elas forem se revelando economicamente viáveis e apresentarem uma perspectiva de ganhos em qualidade, queremos implementá-las em Curitiba", destaca o executivo.
Hoje, a Copel já conta com sistema de telemedição instalado em cerca de 10 mil unidades consumidoras, beneficiando clientes industriais atendidos em alta tensão e moradores de regiões remotas ou de difícil acesso. As faturas emitidas por essas unidades correspondem a 31% do faturamento da companhia. Em 2014, a expectativa é ter medidores eletrônicos em todas casas de Curitiba, com uma rede totalmente automatizada.
A meta da estatal, porém, passa por uma colaboração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso porque, de acordo com Daleffe, a companhia espera por soluções regulatórias para viabilizar os investimentos em smart grids. "É uma questão sobre a qual ainda faltam algumas definições", explica o executivo. Um dos pontos citados pelo diretor da Copel é o sinal de que os investimentos na área serão levados em conta da maneira correta no momento em que a agência calcular o reajuste tarifário.
"A gente sabe que esses medidores eletrônicos têm uma vida útil menor que os eletromecânicos. Isso é um problema muito sério para as empresas investirem. A dificuldade de você implementar isso em grande escala é não ter um sinal tarifário que incentive a empresa a fazer a substituição", exemplifica Daleffe. De acordo com o diretor, o preço dos medidores novos, na casa de R$300, já os tornaria uma opção viável caso a Aneel resolvesse a questão do prazo para amortização dos ativos.
"O investimento necessário para a troca é um montante muito significativo. Enquanto não houver uma sinalização muito forte da Aneel, dificilmente as companhias terão condições de fazer. Por isso as ações têm sido em pontos isolados, de forma experimental", explica Daleffe. "Se a Aneel entende que, para melhorar o fornecimento, o smart grids é importante, ela tem que viabilizar isso". 

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Copa 2014 exigirá investimento no sistema elétrico

Até 2014, ano da Copa no Brasil, Curitiba muito provavelmente já terá se tornado a primeira capital brasileira a ter um sistema de distribuição de energia elétrica totalmente automatizado, com intensa aplicação de tecnologias Smart Grid (redes elétricas inteligentes) e grande disponibilidade de recursos de informática.
A ideia da Copel é fazer de Curitiba uma verdadeira "cidade digital", transformando-a não só numa referência nacional em disponibilidade e confiabilidade de energia elétrica, mas, também, utilizando os recursos de conectividade da Copel Telecomunicações para dar sustentação às soluções de Smart Grid e de acesso à internet. 

Nova subestação no bairro Santa Cândida está em fase de conclusão.

Os projetos - alguns já executados e outros em fase de elaboração de projeto e estudos - prevêem investimentos totais estimados em R$ 350 milhões no período 2010 até 2014.
Eles resultarão em significativo impulso à qualidade dos serviços e à capacidade de atendimento da Companhia, tanto no sistema elétrico quanto no de telecomunicações.

O programa de obras da Copel está sendo formulado de maneira articulada com outros agentes da administração pública, sob a coordenação da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedu).
As ações previstas destinam-se a expandir, modernizar e reforçar o sistema elétrico que atende Curitiba e sua Região Metropolitana com vistas aos jogos do Mundial de 2014. "Sabemos do grande objetivo do governador Orlando Pessuti para que nada falte nem falhe no Paraná durante a Copa", informa o presidente da Copel, Ronald Ravedutti.
"A Companhia está atenta e preparada para executar sua parte no grande esforço para adequar a infra-estrutura dessa região para o Mundial mas pensando primordialmente em beneficiar toda a população, colocando à sua disposição serviços elétricos cada vez melhores e mais eficientes".

Obras

No decorrer dos próximos anos, a Copel irá automatizar todas as chaves de operação e religadores automáticos instalados nos cerca de 200 circuitos alimentadores que abastecem as 650 mil unidades consumidoras atendidas em Curitiba, gerando como conseqüência redução no número de interrupções no fornecimento de energia e abreviando o tempo necessário ao restabelecimento dos serviços após tais ocorrências.

Além disso, a programação de obras da Companhia até o ano de 2014 prevê a construção de 700 km de novas redes elétricas compactas e, ainda, a substituição de 900 km de redes convencionais existentes pelas do tipo compacto, que opera com cabos semi-isolados.
Comparativamente às redes elétricas convencionais, as do tipo compacto são mais confiáveis, pois resistem sem desligar à maior parte de eventos como o toque de galhos de árvores a principal causa de desligamentos acidentais nos circuitos da Copel.

Construção de subestações

Também está nos planos da Copel totalizar a construção de dez novas subestações transformadoras de energia automatizadas em Curitiba e cidades vizinhas, oferecendo à população um expressivo reforço na disponibilidade de energia elétrica para o consumo e significativo ganho nos níveis de qualidade e confiabilidade dos serviços.
Dessas subestações, duas já estão em funcionamento (Campina do Siqueira e Xaxim), uma está em fase final de obras (Santa Felicidade) e sete estão sendo projetadas: Novo Mundo, Bairro Alto e Jardim das Américas, em Curitiba, mais Distrito Industrial de São José dos Pinhais, Almirante Tamandaré, Afonso Pena e Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana. A empresa também já iniciou o processo para aquisição de seis novas subestações móveis.

Inmetro: em busca da solução inteligente

Da Agência Ambiente Energia - Quem for à oitava edição do Metering, Billing/CRM Latin America, que acontecerá, em São Paulo, de 28 a 30 de setembro, terá a oportunidade de debater e conhecer as soluções que a indústria de medição prepara para combater as perdas de energia. Além de uma bateria de palestras, debates, workshops e visitas técnicas, o público verá produtos e serviços de 70 expositores. Uma das presentes será o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), que está concluindo uma revisão do regulamento para avaliação de software referente ao processo de aprovação de modelo dos sistemas/instrumentos de medição em energia elétrica. O uso de sistemas cada vez mais sofisticados e inteligentes será a tônica desta edição.
“Os benefícios são certamente numerosos, sendo consequências diretas das inúmeras funcionalidades que um processo de automação efetivamente capilarizado poderá agregar ao grid”, diz Luiz Fernando Rust, especialista Senior em Metrologia e Qualidade do Inmetro, que, no evento, apresentará a palestra “Processo de Homologação de Medidores Centralizados”. O evento acontecerá no Centro de Convenções Frei Caneca (mais informações pelo site www.meteringlatinamerica.com).
Da Agência Ambiente Energia – Nos dê uma visão geral dos projetos em andamento no Inmetro.
Luiz Fernando Rust - O Inmetro, por meio da diretoria de metrologia legal, atualmente está finalizando uma revisão do regulamento para avaliação de software referente ao processo de aprovação de modelo dos sistemas/instrumentos de medição em energia elétrica, em consonância com os principais atores envolvidos no processo (concessionárias fabricantes, agência, reguladora etc). Além disso, encontra-se em fase de desenvolvimento uma proposta para a avaliação de software para os sistemas de medição de energia elétrica com pré-pagamento.

Da Agência Ambiente Energia – Qual o benefício da medição inteligente/smart grids para o setor?
Luiz Fernando Rust - Os benefícios são certamente numerosos, sendo consequências diretas das inúmeras funcionalidades que um processo de automação efetivamente capilarizado poderá agregar ao grid. A questão maior é também considerar os possíveis “malefícios” intrínsecos do processo de informatização, como os problemas de segurança cibernética.
Da Agência Ambiente Energia – Que outras estratégias estão em vigor para reduzir o roubo e perdas?
Luiz Fernando Rust - Dentro da sua área de atuação, o Inmetro vem apurando constantemente a questão da segurança dos medidores elétricos através da inclusão dos requisitos apropriados nos regulamentos para aprovação de modelo e da avaliação sistemática dos controles implementados para a garantia da confiabilidade, integridade, autenticidade e disponibilidade das medições.
Da Agência Ambiente Energia – Existe alguma atividade de P&D na área de medição no Inmetro?
Luiz Fernando Rust - Sim, como órgão responsável pela metrologia no Brasil, o Inmetro vem buscando aprimorar o processo de validação dos softwares embarcados nos sistemas de medição de energia elétrica. Além dos aspectos metodológicos, estão sendo efetuadas pesquisas em rastreamento entre código fonte e código objeto dos medidores; verificação de integridade dos softwares embarcados nos medidores; estabelecimento de cadeia de confiança em medição remota; arquiteturas dedicadas (“chips”) para controle metrológico; e técnicas de proteção de software para infraestrutura avançada de medição.
Da Agência Ambiente Energia – Quais são alguns dos principais desafios que o Inmetro irá enfrentar nos próximos anos?
Luiz Fernando Rust - O processo de informatização perene dos medidores provocará um dinamismo muito maior na criação de novos modelos de medidores e um aumento significativo da complexidade do software embarcado. Conseqüentemente, o Inmetro tem que se preparar tanto para enfrentar um significativo aumento da demanda de aprovação de modelos, como para lidar com medidores cada vez mais sofisticados.

Da Agência Ambiente Energia – O que você irá apresentar durante o evento Metering, Billing/CRM Latin America 2010?
Luiz Fernando Rust - A palestra focará a avaliação dos requisitos de software dentro do processo atual de aprovação de modelos de medidores no Inmetro.

sábado, 25 de setembro de 2010

Após aporte de R$350 mi, Omega olha para hidrelétricas e usinas eólicas

Companhia vai direcionar recursos para investimento em fontes renováveis, com foco no desenvolvimento de projetos e estudos de inventário.
 
 
Nesta semana, a Omega Energia Renovável recebeu um aporte de R$350 milhões provenientes de fundos administrados pelo Walburg Pincus e pela Tarpon Investimentos. A Tarpon já era sócia do empreendimento, enquanto a Walburg Pincus, presente no País desde fevereiro, escolheu o negócio para iniciar seus investimentos no Brasil.
"A escolha do setor de geração de energia como nosso foco está apoiada na expectativa para o crescimento do mercado interno, o que pressionará a oferta de energia limpa no Brasil", explica o sócio-diretor do Warburg Pincus no País, Alain Belda. O fundo administra ativos totais superiores a US$30 bilhões.
O CEO da Omega, Antonio Augusto Bastos Filho, afirma que os recursos serão direcionados para três frentes: a continuidade das aplicações nos estudos de inventários, desenvolvimento de planos ambientais e de projetos; as obras de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) da companhia atualmente em curso; e a busca e estudo de novas oportunidades no mercado de energia limpa.
"Temos interesse de entrar no mercado de energia eólica. De forma seletiva, como sempre fazemos. Existem boas oportunidades, usinas que tem um bom fator de capacidade, e queremos ainda aproveitar o momento internacional, no qual os preços para os equipamentos estão atraentes", adianta o executivo. De acordo com Bastos, a ideia não é comprar usinas já concluídas ou em construção, mas sim investir em novos projetos para os próximos leilões de energia ou mesmo para comercialização no mercado livre - embora admita que essa última alternativa não é viável neste momento, mas somente em médio prazo.
Para diversificar o portfolio, a Omega também vai estar presente no segmento de hidrelétricas de médio porte, entre 50MW e 200MW. "Estamos olhando 700MW nessas usinas médias. São projetos que maturam daqui a dois ou três anos", revela Bastos. O CEO afirma que, ao menos por enquanto, a companhia não pretende participar dos leilões hidrelétricos, como o A-5 que o governo deve promover em dezembro.
"Somos essencialmente desenvolvedores. Gostamos de participar de leilões de usinas nas quais já tivemos uma boa participação no estudo do inventário", explica o executivo. Bastos ainda lembra que a Omega possui atualmente 500MW em projetos de PCHs sendo avaliados. “Nossa convicção quanto às virtudes das PCHs é grande e estamos sempre atentos a projetos que apresentem bons fundamentos técnicos. Queremos crescer e continuar a contribuir com a consolidação do setor de fontes limpas e sustentáveis de energia", conclui o CEO.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Associação vê déficit de engenheiros eletricistas no Brasil

ABEE aponta para mercado em alta, mas alerta para falta de profissionais
As notícias de que a economia brasileira vai bem são sempre bem-vindas. Economistas esperam um forte crescimento econômico para 2010 e o cenário para os próximos anos também é animador. Contudo, o setor de infraestrutura, mais especificamente o de energia elétrica, pode esbarrar em um obstáculo chamado mão de obra especializada. E isso pode ser a chave na roda do desenvolvimento nacional.


O engenheiro eletricista e diretor nacional da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE), João Oliva, alerta que há déficit de profissionais na área de engenharia elétrica.
O especialista também reclama da existência de um grande volume de cursos de nível superior de baixa qualidade que formam os novos engenheiros brasileiros para o mercado de trabalho.
Além da vigorosa ascensão do Produto Interno Brasileiro (PIB), a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos aumentarão ainda mais a demanda por profissionais qualificados que sejam capazes de tocar as obras necessárias para garantir a infraestrutura desejada para o País abrigar esses eventos.
Oliva, que conversou com exclusividade com a Revista GTD Energia Elétrica, destaca que o momento é bom, mas é preciso que o Brasil se prepare adequadamente. "De cada quatro profissionais formados, três precisariam de alguma requalificação", estima o diretor da associação, com base em uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo.
Por outro lado, o Brasil tem centros de excelência no ensino de engenharia, como o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e a própria USP. E, enquanto cursos fracos jogam alunos no mercado, profissionais de alto nível formados nessas instituições acabam muitas vezes deixando o País em busca de melhores oportunidades. Oliva acredita que a discussão dos salários no setor é "uma questão-chave" para que essas escolas não sejam meras importadoras de engenheiros.
O diretor da ABEE também aponta o alto potencial brasileiro na formação de profissionais nas áreas de petróleo e gás e, mais recentemente, de energias renováveis. "As entidades de ensino terão que se adequar para os cursos de preparação desses profissionais que buscam novas oportunidades de mercado", afirma.
Confira os principais trechos da entrevista:
Como a associação analisa a área da engenharia elétrica no País atualmente?
João Oliva: O mercado está bastante aquecido em função do crescimento pelo qual o País está passando. Hoje, temos estimativas que apontam para um crescimento de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano, um fato é muito positivo. Isso faz com que a engenharia cresça de um modo geral e o campo da engenharia elétrica é bastante amplo.
Então, o aquecimento do mercado de engenharia é um fato novo?
Se fizermos uma avaliação dos últimos 30 anos, em um período houve um sucateamento muito grande da engenharia como um todo e o mercado de trabalho teve uma recessão intensa. E o que aconteceu com os profissionais? Eles acabaram deixando o mercado de trabalho da engenharia e foram para outros nichos de negócios. Isso refletiu diretamente na questão da mão de obra especializada.
Como o senhor vê o futuro da profissão no curto e no médio prazo?
A perspectiva é muito grande para os próximos anos. Nós teremos alguns marcos de desenvolvimento com a retomada pós-crise. As empresas estão atuando fortemente em nosso mercado de engenharia elétrica, de novas tecnologias e fontes renováveis. Isso faz com que nosso profissional seja selecionado para atuar em diversos ramos da engenharia elétrica. E os marcos daqui para os próximos anos são, sem dúvida alguma, a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014 e, em 2016, as Olimpíadas no Rio de Janeiro.
Quando o setor público traça planos de longo prazo para esta década, faz com que a engenharia novamente venha a ser um ponto importantíssimo para alavancar o desenvolvimento. Ninguém consegue desenvolvimento se não houver mão de obra preparada, especializada, formada nas universidades e nas escolas de engenharia.
O senhor considera que a oferta de engenheiros eletricistas no País atende a demanda exigida atualmente?
Essa é uma boa questão. Em função do histórico anterior, tivemos uma baixa procura para a formação da engenharia. Até pouco tempo atrás, o profissional da engenharia tinha os melhores salários. Hoje, está melhorando um pouco. Mas, ao longo desses últimos anos, a perda do poder aquisitivo desse mercado de trabalho e também o desemprego no setor fizeram com que os profissionais interessados em lecionar deixassem de procurar as escolas técnicas e as escolas de engenharia. Tivemos um período muito grande sem investimentos na área.
No segmento de geração de energia, por exemplo, nós deixamos de formar profissionais para atuar no âmbito da engenharia elétrica de potência. Então, muitas escolas passaram a ter pouquíssimos alunos e algumas deixaram de ter turmas nessa área. Existe uma falta no mercado dessa mão de obra, o que está fazendo com que muitos profissionais estejam buscando novamente esse curso, assim como as escolas estão começando a voltar a oferecer essas oportunidades.
Então existe um déficit?
Para formar um profissional da área de engenharia são necessários alguns anos. Na graduação, são cinco anos e, em muitos casos, além da graduação, você precisa do profissional no programa de trainee, para que ele adquira uma experiência de cultura empresarial e de habilitações no campo de trabalho. Como tivemos também esse momento em que o profissional se afastou do mercado de trabalho e da formação, existe um déficit profissional para atender o mercado de trabalho. Então, são duas situações: a falta de profissionais preparados e capacitados e a falta de novos ?engenheirandos? para o mercado.
O que pode ser feito para reduzir esse déficit?
Acho que as empresas teriam que buscar os profissionais, mesmo os que não conseguiram se atualizar profissionalmente, para que eles pudessem ter uma oportunidade nesse novo mercado. Porque o mercado que existe hoje é novo, com novas exigências profissionais. Mas existem, sim, muitos profissionais que estão se oferecendo, mas não estão atualizados para a demanda que existe. Existe um grupo de profissionais que precisa de uma oportunidade nesse novo mercado e as empresas precisam investir para recapacitar e utilizar essa mão de obra.
Qual sua opinião sobre a qualidade do profissional brasileiro da engenheira elétrica?
Eu diria que existe o ¨engenheirando", que é o novo profissional, que tem conhecimento das novas ferramentas, das novas tecnologias. Em que pese, muitas escolas que foram abertas no Brasil não têm a melhor capacitação para esses alunos. O mercado é muito exigente. Existem até alguns estudos da USP que afirmam que a cada quatro profissionais que estão chegando ao mercado de trabalho, apenas um está perfeitamente qualificado para as exigências e três precisariam passar por uma reciclagem, por uma formação mais adequada para que o mercado pudesse absorvê-los. Tudo isso em função do grande número de escolas que foram abertas sem grande fiscalização do Ministério da Educação e muitas vezes sem a condição adequada para formar o profissional.
E como essa situação pode ser contornada?
Tanto o governo quanto as instituições de ensino e as empresas precisariam somar esforços para uma tomada de decisão em relação a essas exigências de mercado. Não cabe às empresas apenas esperar que o mercado ofereça os profissionais de que elas precisam. O que se faz com essas três pessoas não capacitadas (referindo-se ao estudo da USP da resposta anterior).
E o que se faz também com essa mão de obra que tem entre 40 e 60 anos e é capacitada, do ponto de vista cultural, a absorver novas tecnologias e conhecimentos e que ainda não está preparada para esse novo momento de demanda? É preciso montar uma operação para resgatar esses profissionais. Estamos em um ponto em que estão chegando profissionais de outros países para concorrer no mercado interno, porque existe uma falta de mão de obra preparada, o que eu acho um descaso com aqueles que investiram ao longo de todo o processo de formação profissional.
Esses cursos de menor qualidade preocupam a ABEE?
Temos realidades distantes de formação profissional. Temos celeiros formadores de excelência, aqui na Universidade de São Paulo (USP), no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em outros Estados, escolas federais, inúmeras faculdades que formam excelentes profissionais. Mas, se considerarmos o número de faculdades de engenharia que existem, é um número relativamente pequeno de profissionais que está sendo formado com essa excelência.
A formação profissional hoje não abrange só o conhecimento técnico-científico. Ela compreende a habilidade do profissional que tem bom potencial para o gerenciamento, supervisão e fiscalização das obras que estão ocorrendo. Então, é um profissional que tem um perfil mais eclético. Tem uma carência também nesse sentido.
Existe alguma área vista como mais promissora na engenharia?
O setor energético voltou a ter investimento e o mercado voltou a contratar mão de obra especializada. O mercado voltou a ter perspectivas muito boas para todas as áreas da engenharia elétrica. Em São Paulo, temos fortes investimentos na área de transporte, perspectivas de expansão de metrô, trens metropolitanos. Hoje não existe lugar no Brasil onde não haja grandes investimentos na área de energia elétrica, telecomunicações, transporte. Isso é que propicia o crescimento. E a relação entre crescimento econômico e o mercado de engenharia é direta.
Em que área o profissional de energia brasileiro se destaca?
No segmento de petróleo, gás e energias renováveis. É algo que vem em função da Petrobras, das novas empresas de energia que estão surgindo e estão interessadas em nosso mercado. Isso faz com que os profissionais sejam muito bem absorvidos.
A energia renovável, então, é um campo em alta?
As escolas sempre prepararam o engenheiro eletricista no âmbito da geração da energia hidráulica. As energias renováveis são mais recentes, mas os profissionais já têm procurado os cursos de especialização. O profissional de engenharia elétrica está permanentemente se atualizando. Em energias renováveis, por exemplo, pegamos como exemplo o mercado do Nordeste, com um potencial de geração de energia eólica muito grande. O Rio Grande do Sul, também. Temos que fazer investimentos para formar os profissionais. No setor de biomassa, também.
Para cada um desses novos ramos de negócios existe uma necessidade de preparação da nossa mão de obra de engenharia. As entidades de ensino terão que se adequar para os cursos de preparação desses profissionais visando essas novas oportunidades de mercado. O engenheiro tem uma formação bastante eclética, científica, cultural, de planejamento, de envolvimento com outros profissionais, liderança. Ele tem facilidade, pela sua formação acadêmica, em absorver novos conhecimentos.
Como o senhor vê os investimentos em pesquisa na área?
O número de trabalhos que estão sendo produzidos nos laboratórios ainda é pequeno se comparado com outros países. Temos alguns centros de excelência, mas o Brasil, pelas dimensões que tem, pelas oportunidades que tem, teria que ter os centros de desenvolvimento tecnológico formando mais cientistas. Porque é dos experimentos científicos que vem a engenharia aplicada. Sentimos que exportamos muita matéria prima e pouco produto com valor agregado e também mão de obra. Os profissionais especializados brasileiros desses centros de excelência acabam indo para fora.
Isso acontece bastante?
Tem acontecido em função das oportunidades de melhores ganhos. Acabam os profissionais sendo altamente especializados no Brasil, nos laboratórios, ou saindo das excelentes faculdades, e encontrando mercados mais interessantes lá fora. Nossa mão de obra especializada tem ainda uma baixa remuneração. Estamos longe de alcançar o índice de remuneração que tínhamos quando a engenharia era muito valorizada no Brasil.
Acredito, sim, que isso vai acontecer novamente. Porque se não tivermos mão de obra especializada, não vamos ter a força de trabalho capaz de dar sustentação a tudo isso que está acontecendo do ponto de vista do desenvolvimento. A remuneração é uma questão-chave, porque, se ela não for boa, nossos profissionais acabam indo embora. Os nossos cientistas que foram embora não voltaram.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Era do petróleo com os dias contados

A continuidade da pesquisa e desenvolvimento no campo das energias alternativas poderá resultar em uma nova era na história humana, em que duas fontes de energia renovável - a energia solar e a energia eólica - vão se tornar as principais fontes de energia na Terra.

A opinião contundente não é de nenhum ambientalista de plantão, mas do Prêmio Nobel de Química de 1998, Walter Kohn.

Falando a uma plateia seleta na Sociedade Americana de Química, Kohn destacou que petróleo e gás natural abastecem hoje cerca de 60 por cento do consumo global de energia.

Para ele, essa tendência deverá crescer ainda por um período de 10 a 30 anos, seguindo-se um rápido declínio no consumo de combustíveis fósseis.

Desafios energéticos
Energia eólica"Essas tendências têm criado dois desafios sem precedentes em nível global," disse Kohn. "Um é a ameaça global de escassez de energia, o que é até aceitável. O outro é o perigo iminente, este inaceitável, do aquecimento global e suas consequências."

Kohn observou que estes desafios exigem uma ampla variedade de respostas. "A mais óbvia é a continuidade do progresso científico e tecnológico, criando fontes alternativas de energia que sejam abundantes, acessíveis, seguras, limpas e livres de carbono," disse ele.

Como os desafios são globais por natureza, o trabalho científico e tecnológico deverá ter um máximo de cooperação internacional, que felizmente está começando a evoluir, disse ele.

Era do Sol/Vento
Energia solarNa última década, a produção mundial de energia fotovoltaica multiplicou-se por um fator de 90, e a energia eólica por um fator de cerca de 10.

Kohn espera a continuidade do crescimento vigoroso dessas duas energias efetivamente inesgotáveis durante a próxima década e além, levando assim a uma nova era, a "era do Sol/Vento", como ele chama, substituindo a era do petróleo.

Outra questão importante, segundo ele, que compete principalmente aos países desenvolvidos, cuja população praticamente se estabilizou, é a redução no consumo de energia per capita.

"Um exemplo marcante disso é o consumo per capita de gasolina nos Estados Unidos, cerca de 5 vezes superior à média global", disse ele. "O mundo menos desenvolvido, compreensivelmente, pretende trazer seu padrão de vida a um nível semelhante ao dos países altamente desenvolvidos; em contrapartida, eles devem estabilizar suas populações crescentes."
Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br

Empresa de lubrificação expande no setor de energias renováveis na América do Sul

Klüber Lubrication desenvolve soluções em lubrificação para indústrias estratégicas ao desenvolvimento dos mercados brasileiro e sul-americano.
O mercado de energias renováveis no Brasil deixou de ser uma tendência para se tornar realidade. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, mostram que 85,4% da energia produzida no País provêm de energias renováveis. Para atender a demanda neste mercado em constante crescimento e ampliar ainda mais a sua atuação no continente sul-americano, a Klüber Lubrication South America (KLSAM), do Grupo Freudenberg, de origem alemã, desenvolveu uma série de soluções em lubrificação de baixo impacto ambiental, à medida que garantem melhor desempenho dos equipamentos com muito menos substituição dos lubrificantes.
"Um dos nossos objetivos no mercado sulamericano é o desenvolvimento, produção e comercialização de soluções em lubrificação para áreas estratégicas, como a de energias renováveis, por exemplo, que dispõe de grande potencial de crescimento, acima da média de outras atividades econômicas, e atração de altos investimentos na diversificação das nossas matrizes energéticas", comenta Enrique Garcia, diretor geral da Klüber na América do Sul. Entre as soluções da Klüber, destaque para o fornecimento de graxas e óleos (sintéticos e minerais).
Etanol
No campo brasileiro de energia renovável, dois setores têm chamado a atenção da Klüber. Um deles é a produção nacional de etanol, que conta hoje no País com um parque de 423 usinas que produzem mais de 28 milhões de litros ao ano, segundo dados da EPE. Além disso, o potencial deste mercado pode ser observado pela tecnologia dos veículos Flex Fuel, que já representam 86,2% da frota brasileira de veículos, segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Segundo o gerente de mercado da Indústria Leve, Jorge Efrain Rey de Oliveira, grande parte do mercado usa lubrificantes asfálticos para lubrificar moendas de cana (equipamento que gera o caldo da cana que, mais tarde, transforma-se em açúcar ou etanol) e, com a solução de lubrificantes semissintéticos, o consumo de lubrificantes se reduz em cerca de oito vezes.
Energia eólica
O potencial de expansão do parque eólico brasileiro também chama a atenção da Klüber Lubrication, que desenvolveu uma linha de soluções em lubrificação para o setor. A equipe técnica da companhia frisa se tratar de uma linha composta por lubrificantes de reconhecimento internacional. Estes lubrificantes suportam longos períodos de utilização, o que possibilita o aumento do tempo entre os intervalos de lubrificação.
A Klüber já atua há alguns anos neste setor nos Estados Unidos e em países da Europa e estruturou o GATE (Global Action Team), um grupo de especialistas que se dedicam exclusivamente a este mercado. No Brasil a empresa desde 2008 vem investindo na capacitação dos profissionais ligados ao desenvolvimento de soluções para este mercado. "Em todos os mercados que participamos, grande parte dos investimentos se dá justamente na capacitação dos profissionais, pois já temos excelente capacidade produtiva", enfatiza Garcia.
Fonte: www.metaanalise.com.br

terça-feira, 21 de setembro de 2010

EUA e Brasil se unem em projeto de inovação para testar rede inteligente
Num futuro não muito distante, as pessoas poderão receber em casa, em vez da conta de luz, um cheque da distribuidora de energia como pagamento pela eletricidade gerada na própria residência e vendida ao sistema. Ou, mais provável, cortar seus gastos com energia elétrica em até 90%. Será possível, também, programar o uso de eletrodomésticos para ligá-los em horários de tarifa mais barata. Tecnologia para todas essas novidades existe, mas consumidores e distribuidoras do mundo inteiro estão apenas começando a tomar conhecimento dela.
No caso do Brasil, essas inovações começam a ser testadas num projeto de cooperação com os Estados Unidos. Sete Lagoas, em Minas Gerais, e Richland, no Estado de Washington, serão as cidades "cobaias" no uso da rede inteligente, ou "smart grid", um conjunto de inovações tecnológicas que vai mudar a forma como se usa energia. "Vamos aprender juntos", explicou o superintendente de Desenvolvimento e Engenharia da Distribuição da Cemig, Denys Cláudio de Souza. A Cemig é a responsável pela experiência pelo lado brasileiro.
"Usar smart grid é mais ou menos como mudar da máquina de escrever para o computador", disse o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Wilson Grüdtner. Ele observou que as atividades de geração e transmissão de energia já incorporaram novas tecnologias, mas a parte de distribuição, que vai até as casas dos usuários, é a mesma de décadas atrás.
No momento, o governo está fazendo um mapeamento de tudo o que pode ser feito com o "smart grid" para, se for necessário, criar novas regras para o relacionamento entre usuários e concessionárias. O experimento em Sete Lagoas será útil para indicar que caminho poderá ser seguido pelo Brasil.
Fazer negócios. Mais do que isso, o trabalho em conjunto com os EUA servirá para fazer negócios, segundo explicou o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Reginaldo Arcuri. "Não queremos mais um debate acadêmico, e sim abrir espaço para as empresas pensarem em negócios conjuntos", diz Arcuri.
Se as empresas brasileiras conseguirem uma boa inserção no mercado americano, elas estarão em vantagem porque o uso do "smart grid" está em estágio inicial no mundo inteiro.
O uso conjunto do "smart grid" deve ser a estrela da 2ª Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos, que começa esta semana na capital americana. A parceria entre distribuidoras de energia, empresas de software e fabricantes de equipamentos dos dois países é um dos resultados mais concretos da 1ª Conferência, realizada no Brasil há três anos. "Buscamos uma entrada mais eficiente no tecido econômico dos EUA", diz Arcuri.
"Em algumas coisas, estamos à frente dos americanos", disse o empresário Gilberto Teixeira, da Elo Electronic Systems, fabricante de medidores inteligentes. "É bom para o ego e bom para os negócios."
Outro resultado do trabalho conjunto dos dois países foi a produção de uma peça importante para transformar o etanol em uma commodity internacional.
Etanol padronizado. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e seu correspondente nos EUA, o National Institute of Standards and Technology (Nist), criaram uma amostra-padrão para o etanol.
Ela serve como modelo para calibrar equipamentos que vão certificar a homogeneidade. Essa amostra permite que os países adotem o novo combustível sabendo que vão adquirir um produto com características padronizadas. "Estamos vendendo para a União Europeia", contou Roberto Alvarez, gerente de Assuntos Internacionais da ABDI.
Três empresas brasileiras de alta tecnologia e três americanas poderão ainda testar os mercados umas das outras com o apoio da academia. A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e a Universidade do Arizona firmarão um acordo durante a 2ª Conferência segundo o qual funcionarão como incubadoras.
A intenção, segundo o professor Dario Azevedo, da PUC-RS, é proporcionar um pouso suave das empresas brasileiras num mercado com cultura e regras diferentes como o americano. "A ideia surgiu nos laboratórios que realizamos após a 1ª Conferência", explicou. "Vamos trabalhar na formação da empresa, na sua colocação de mercado e assim reduzir os traumas iniciais."



Fonte: O Estado de São Paulo
Autor: Lu Aiko Otta

No Brasil: Governo não tem planos para energia solar no médio prazo

Para a EPE, é preciso esperar preços abaixarem para traçar investimentos
Por Luciano Costa, de São Paulo

 
Investimentos em energia solar não estão nos planos do governo - pelo menos pelos próximos dez anos. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) - órgão do Ministério de Minas e Energia responsável pelo planejamento do setor - não inclui a fonte no Plano Decenal de Energia 2010-2020, que está sendo elaborado para traçar os rumos da expansão da matriz brasileira.
De acordo com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, usinas fotovoltaicas aparecem somente no horizonte de longo prazo, que aponta para 2030. O PDE 2020 deve ser divulgado até o final deste ano pelo órgão.
"Teremos que ver como será, inicialmente, a inserção da fotovoltaica na matriz. Porque ela é descentralizada. Hoje, as distribuidoras já podem contratar essa energia, mas tem a questão do preço", explica Tolmasquim. O valor estimado para o MWh de energia gerada pelo sol no Brasil gira atualmente na casa dos R$600 - contra R$77,97 por MWh da energia de Belo Monte e uma média de R$130 por MWh dos parques eólicos contratados no último leilão de fontes renováveis.
Para o presidente da EPE, o governo precisa "esperar o momento certo" para iniciar uma política de incentivo à fonte, a exemplo do que foi feito com a energia eólica, que teve seus primeiros parques viabilizados pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). "Não tem porque onerar o consumidor se hoje temos outras fontes limpas, como a eólica, em preços baratos", argumenta Tolmasquim.
O executivo do governo afirma que, ao menos por enquanto, a ideia é aguardar a geração fotovoltaica atingir "um preço razoável" para, aí sim, começar a pensar na estratégia de contratação, que poderia ser por meio de leilões.

China terminará 2010 com 40GW eólicos

Busca por renováveis ainda país alcançar 1GW em usinas fotovoltaicas


O foco da China em desenvolver fontes renováveis de energia vai levar o país a chegar ao final de 2010 com 40GW em parques eólicos instalados. O cálculo é do diretor do Instituto de Investigação Energética da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Li Junfreng. De acordo com ele, os números estão acima das previsões mais otimistas.
O especialista ainda acredita que, nesse ritmo, a China tem potencial para quintuplicar essa capacidade instalada em dez anos.
Assim, o país chegaria a 2020 com até 200GW em usinas eólicas em operação. Junfreng estima que, até lá, o mundo todo contará com uma potência eólica entre 400GW e 500GW - número próximo da capacidade nuclear hoje instalada no globo.
O boom da geração de energia limpa vai beneficiar também a indústria de parques solares fotovoltaicos. O pesquisador acredita que essa fonte fechará 2010 com 1.000MW em operação. Até 2020, Junfreng prevê uma expansão mais acelerada, com os parques solares chegando a uma potência instalada entre 20GW e 50GW.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Instrumentos de mudança

A série de Simpósios Brasileiros de Construção Sustentável teve início em 2008 e visa tratar, sob a ótica de especialistas estrangeiros e lideranças intelectuais e empresariais do país, do intercâmbio das perspectivas mundiais e das soluções locais para buscar novas diretrizes para o setor de construção em temas polêmicos que o permeiam, como políticas públicas, auto-regulamentação, conservação e uso de fontes alternativas de recursos, informalidade; adaptação às mudanças climáticas e sustentabilidade de modelos urbanos.

Em sua terceira edição - o SBCS10 - o Simpósio será realizado em 08 e 09 de novembro de 2010, no Amcham Business Center, juntamente com a conferência internacional Sustainable Building 2010 Brazil (SB10Brazil).
A SB10Brazil é uma das conferências regionais em construção sustentável organizadas em 2010 como preparação para a SB Mundial, em 2011, a ser realizada em Helsinki, na Finlândia. Trata-se da quinta edição mundial da conferência, que é a maior neste assunto na esfera científica. A organização, em nível mundial, é apoiada pelo CIB (International Council for Research and Innovation in Building and Construction), UNEP (United Nations Environment Programme) e iiSBE (International Initiative for a Sustainable Built Environment). No Brasil, é uma colaboração entre o CBCS e uma coalizão de universidades brasileiras líderes no tema: UNICAMP, UFES e UFSC, tendo como chairs Vanessa Gomes (UNICAMP, iiSBE, CIB), Vahan Agopyan (USP, CIB) e Marcelo Takaoka (CBCS/UNEP SBCI).
A SB10Brazil marca o décimo aniversário do CIB 2000 - From theory to practice, uma das primeiras grandes tentativas de estimular e facilitar a aplicação dos conceitos de construção sustentável no Brasil e América Latina. Ao longo desta última década, os esforços enfocaram o nivelamento de conhecimento, o desenvolvimento de uma visão de futuro mais sustentável para o país e a exploração de aspectos de gestão e inovação para construção sustentável.

A SB10Brazil assumiu o desafio de auxiliar a instrumentar esta mudança. Com a coordenação cientifica de Marina Ilha (UNICAMP), a SB10Brazil convida ao envio de contribuições e estudos de casos para estimular a implementação e a demonstração de avanços em, entre outros temas e sub-temas:
  1. Projeto e construção avançados;
  2. Habitação e assentamentos de interesse social mais sustentáveis e financeiramente acessíveis;
  3. Reformas e manutenções;
  4. Modelos urbanos e infra-estrutura;
  5. Políticas e legislações;
  6. Processo integrado de entrega de empreendimentos e modelos de contratação atualizados;
  7. Metodologias e ferramentas de avaliação da sustentabilidade;
  8. Gestão sustentável de facilidades;
  9. Modelos de negócios para construção;
  10. Educação e treinamento.
Os organizadores da SB10Brazil encorajam os institutos de pesquisa, universidades e empresas a se reunirem em São Paulo, e se engajarem em colaboração internacional para o intercâmbio de informações, formação de redes de empresas e grupos de pesquisa e desenvolvimento de competências empresariais em sustentabilidade.
Os idiomas oficiais da conferência serão o Português e o Espanhol, porém, devido ao interesse internacional pelo tema, serão aceitos também resumos e artigos em inglês. Versões atualizadas e ampliadas dos melhores trabalhos da SB10Brazil, além de artigos selecionados de convidados nacionais e internacionais, serão publicadas em um número especial da Revista Ambiente Construído, publicada pela ANTAC, em 2011.
Mais informações acesse o do evento: www.sbcs.net.br

Energias limpas: um mercado de 40 bilhões

Por Júlio Santos, da Agência Ambiente Energia - O planejamento setorial já cantou a pedra, pelo menos no discurso, de que as fontes renováveis e alternativas terão papel prioritário no futuro da matriz energética do país. A meta é ter uma participação de 20% nos próximos anos. Com o forte apelo de fontes como eólicas, usinas à biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, os investidores estão diante de boas perspectivas de negócios.
“Se conseguirmos equacionar as condições de competitividade e de incentivos, podemos falar em algo como R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos”, diz Charles Lenzi, presidente executivo da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), a nova  denominação  da APMPE (Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores de Energia Elétrica).
Além da mudança de novo, a entidade passa a atuar a partir de agora com uma nova estrutura de gestão, criando um conselho de administração, composto por 18 conselheiros, que representam as empresas associadas e uma presidência executiva. O objetivo é atuar para refletir o posicionamento dos associados como investidores de fontes de energia limpa.
A agenda da Abragel para o biênio busca garantir a competitividade do setor, o que envolve aspectos tributários política industrial com custos de equipamentos e tecnologia, financiamento (prazos e custos), redução de prazos de tramitação dos projetos, atuação na regulação e legislação inclusive da área ambiental. “Todos os pontos são importantes e precisam ser tratados com muita atenção”, diz Lenzi nesta entrevista exclusiva à Agência Ambiente Energia.

Agência Ambiente Energia – No lugar de APMPE, Abragel. Quais as justificativas para a mudança de nome?
Charles Lenzi - A mudança de nome é parte de uma estratégia de modernização e de renovação. Queríamos que o nome da associação refletisse mais o espírito de seus associados, que são empreendedores engajados na geração sustentável de energia elétrica, cujas fontes são a PCH, a eólica, a biomassa e a solar, todas geradoras de energia elétrica limpa.
Agência Ambiente Energia – O que mudará na linha de atuação da entidade a partir de agora?
Charles Lenzi - Durante os seus 10 anos de existência, a APMPE prestou serviços aos seus associados e ao setor elétrico do país, participando ativamente de todos os debates que consolidaram o modelo do setor como ele é hoje. Queremos continuar esta ação buscando maior eficácia e por isso, mudamos nossa estrutura de gestão, criando um conselho de administração, composto por 18 Conselheiros, que representam as empresas associadas e uma presidência executiva.

Agência Ambiente Energia – Com o nome energia limpa, a entidade vai abordar também outras fontes como as eólicas e as usinas à biomassa. Estas fontes já têm suas associações específicas. Isso não pode gerar um choque e enfraquecer a atuação de todas?
Charles Lenzi - Uma grande parte dos associados da Abragel já atua em várias fontes de geração de energia elétrica limpa e, portanto, é natural também defendermos seus interesses nesses segmentos, buscando sempre a isonomia entre as fontes e a sua competitividade. Com relação às associações, trabalhamos em harmonia com cada uma delas e pretendemos manter essa parceria.

Agência Ambiente Energia – Por falar em outras fontes, hoje, como os últimos leilões mostraram, as eólicas se tornaram muito competitivas, tirando mercado das PCHs no Ambiente Regulado. Por que as pequenas usinas são hoje “os patinhos feios” do mercado?
Charles Lenzi - A competitividade das PCHs está profundamente afetada pelos altos custos de implantação quando comparadas com outras fontes que, em algumas circunstâncias e em determinadas regiões, contam com vantagens fiscais e tributárias, além de alternativas de financiamento.
Agência Ambiente Energia – O que as PCHs precisam para voltar a ser tão competitivas quanto às eólicas?
Charles Lenzi - O mais importante é garantir que haja isonomia e igualdade de condições em todos os aspectos. Entendemos que existe espaço para todas as fontes e os desafios para o futuro em termos de desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas passam, necessariamente, pela solidificação de um modelo que privilegia o uso de fontes limpas de geração de energia elétrica. Por isso, além de fazermos nosso dever de casa em busca de melhores alternativas de custo, precisamos contar também com políticas públicas de incentivo.
Agência Ambiente Energia – Um dos focos para 2010/2011 é a competitividade do setor, o que envolve aspectos tributários política industrial com custos de equipamentos e tecnologia, financiamento (prazos e custos), redução de prazos de tramitação dos projetos, atuação na regulação e legislação inclusive da área ambiental. Como será esta atuação da Abragel?
Charles Lenzi – Vamos participar ativamente de todas as discussões neste sentido e atuar diligentemente na busca da defesa dos interesses dos nossos associados.
Agência Ambiente Energia – Destes pontos citados acima, onde é que o “sapato” das energias limpas mais aperta?
Charles Lenzi - Todos os pontos são importantes e precisam ser tratados com muita atenção.
Agência Ambiente Energia – Se no Ambiente Regulado as PCHs não têm tido muito espaço nos últimos tempos, a saída é o Mercado Livre. Quais são as oportunidades de negócios neste ambiente de contratação?
Charles Lenzi - A retomada do crescimento do país e a sua manutenção de forma sustentável nos próximos anos vão propiciar muitas oportunidades de negócio para as fontes limpas.

Agência Ambiente Energia – O planejamento está com um forte discurso para as fontes renováveis e alternativas. Como o senhor avalia o potencial de crescimento da nossa matriz usando estas fontes?
Charles Lenzi - Em primeiro lugar é importante parabenizar a inclusão das fontes alternativas e renováveis no planejamento da expansão da geração de energia elétrica. Isto nos coloca um desafio significativo, mas factível, que é de chegar a 20% de representatividade da matriz elétrica brasileira num prazo de 20 anos.
Agência Ambiente Energia – Nos próximos 10 anos, dá para estimar o quanto de negócio será possível fazer com as energias limpas?
Charles Lenzi - Se conseguirmos equacionar as condições de competitividade e de incentivos, podemos falar em algo como R$ 40 bilhões nos próximos 10 anos.

sábado, 18 de setembro de 2010

Consórcio paranaense promete entrar em todos leilões hidrelétricos

Empresas do estado, como Copel e J. Malucelli, estarão juntas na disputa por Teles Pires e Tapajós


Um grupo de companhias sediadas no Paraná pretende se juntar para entrar nos próximos leilões de hidrelétricas promovidos pelo governo. O consórcio seria liderado pela estatal Copel, que vem participando com lances ousados nos certames mais recentes, e pela J. Malucelli, que está presente na Norte Energia,Empresas do estado, como Copel e J. Malucelli, estarão juntas na disputa por Teles Pires e Tapajós empresa que resultou do grupo vencedor da disputa pela usina de Belo Monte, que será construída no Pará.
A J. Malucelli quer estar presente na formação com sua subsidiária de energia, como investidora, e com a de construção, que se juntaria a outras empreiteiras, com quem o consórcio fecharia pré-contratos antes de entrar na disputa pelos empreendimentos. Esse último grupo também deve contar com CR Almeida e Cesbe - duas construtoras sediadas em Curitiba.
"É um consórcio paranaense. Vamos disputar todos os leilões que houver", adianta o diretor de energia da J. Malucelli, Theóphilo Garcez. O executivo lembrou que uma prévia desse consórcio já apareceu no primeiro A-5 deste ano, promovido em julho. Na ocasião, a Copel arrematou a concessão da hidrelétrica Colíder, que será implantada no rio Teles Pires. A estatal apareceu sozinha como investidora, mas posteriormente revelou que já havia fechado uma estrutura pré-contratada de parceiros na qual constavam J. Malucelli, CR Almeida e outras empresas, como Impsa e Engevix.
Após vencer a licitação da UHE Colíder, a Copel afirmou que a usina era vista pela companhia como uma porta de entrada para as outras hidrelétricas que o governo pretende leiloar no rio Teles Pires. A estatal acredita que o fato de já estar presente na região será um fator importante para ganhar competitividade nessas outras disputas. Garcez, da J. Malucelli, tem a mesma análise. "Como somos os únicos já situados no Teles Pires, com esse consórcio, temos grande chance de alavancar o resto (dos projetos). Vamos participar muito fortes (dos certames)", garante o executivo.
Garcez ainda afirma que o consórcio paranaense também está de olho na hidrelétrica de São Luiz do Tapajós (6.133MW), a maior prevista no Plano Decenal de Energia para ser licitada até 2019. O certame dessa planta deve ser marcado no próximo ano. O executivo, porém, negou rumores publicados na imprensa sobre uma conversa com as empreiteiras Serveng e Mendes Júnior, que estão junto à J. Malucelli em Belo Monte. O diretor afirma uma aproximação visando os novos projetos não aconteceu "nunca" e que a vontade é manter um grupo com as empresas que já apareceram em Colíder.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Paulo Pedrosa, da Abrace: por uma energia mais barata

Entidade participa do Enase 2010 - 7° Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, nos dias 29 e 30 de setembro, no Rio de Janeiro

Uma das preocupações dos consumidores de energia, que são cada vez mais cresentes, é com o aumento da transparência e com a competitividade no setor elétrico. Isso porque, soluções que são tomadas pelo governo implicam em repasse de custos exatamente para quem consome energia - e no caso de indústrias, por exemplo, uma elevação dos custos implica diretamente no aumento dos custos de produção. Na avaliação da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, o processo de aumento da eficiência, da transparência e da competitividade é fundamental para que o país deixe de perder oportunidades de desenvolvimento econômico.

"Os últimos oito anos foram marcados por uma grande preocupação em torno da segurança do abastecimento, porque o “fantasma” do racionamento sempre esteve presente. O setor de energia deveria estar voltado ao atendimento de seus consumidores", afirma Paulo Pedrosa, presidente executivo da Abrace. A entidade é uma das signatárias da Carta "Energia para o Futuro", que será apresentada por 11 associações do setor elétrico. Ao mesmo tempo, encaminhou aos candidatos à Presidência da República a “Agenda de Política Energética – 2011 – 2014”, em que propõe sugestões para redução de custos da energia

Essas e outras questões do segmento serão debatidas pela Abdib durante o Enase 2010 - 7º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico, que acontecerá entre os dias 29 e 30 de setembro no Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro, e terá como tema central "O Futuro da Política Energética". O Enase é promovido pelo Grupo CanalEnergia, em parceria com a ABCE (concessionárias), Abdib (Indústria de Base), Abiape (autoprodutores), Abrace (consumidores), Abraceel (comercializadores), Abrage (geradores), Abragef (geração flexível), Abraget (geradoras termelétricas), Abrate (transmissoras), Anace (grandes consumidores), Apine (produtores independentes), APMPE (pequenos e médios produtores), ABCM (carvão mineral), ABEEólica (energia eólica), Abdan (nuclear) e Cogen (coegeração). Leia abaixo a entrevista com Paulo Godoy:

Agência CanalEnergia - O Enase 2010 terá como tema central "O futuro da política energética". Qual a expectativa do setor elétrico para os próximos anos na visão dos consumidores?


Paulo Pedrosa - Os últimos oito anos foram marcados por uma grande preocupação em torno da segurança do abastecimento, porque o “fantasma” do racionamento sempre esteve presente. A perspectiva é que, nos próximos anos, tenhamos um novo ciclo no setor, em que se somem, cada vez mais, a essa preocupação com segurança questões relativas ao aumento da transparência, da eficiência e da competitividade no setor de energia, favorecendo a redução dos custos para os consumidores. Esse processo é fundamental para que o país deixe de perder oportunidades de desenvolvimento econômico e maior inserção no mercado global em função do alto custo da energia disponível para suas empresas.

Agência CanalEnergia - Dos pontos que a Abrace apresentará no Enase, quais que merecem maior atenção? Por quê?


Paulo Pedrosa - O setor de energia deveria estar voltado ao atendimento de seus consumidores. Hoje os interesses dos agentes do setor, investidores e fornecedores tem um peso proporcionalmente maior. O formato atual gera ineficiências e falta de competição no setor, cujas conseqüências são condições pouco favoráveis aos consumidores, principalmente no que se refere a custos e liberdade na contratação. Falta transparência nas decisões que lhes afetam. Muitas vezes, por exemplo, as regras atendem a determinados interesses e reduzem riscos dos agentes de geração, transmissão e distribuição, sem a correspondente contrapartida na redução do custo do atendimento aos consumidores. A solução tradicional é a de repassar custos aos consumidores, sejam eles de políticas públicas que deveriam ser assumidas pelos contribuintes seja riscos que seriam melhor alocados aos agentes do setor. Também há problemas no que se refere à falta de sinergia na comercialização de gás natural e de energia elétrica e a falta de liquidez na contratação e mercados secundários para estas commodities energéticas.

Agência CanalEnergia - Quais as questões devem continuar sendo debatidas em relação a encargos e tributos do setor?


Paulo Pedrosa - Já há, no setor elétrico, uma convergência absoluta sobre o mal que os encargos e tributos fazem. Infelizmente, essa convergência não tem sido suficiente para reverter a tendência de crescimento. Um pouco talvez porque a grande massa de consumidores, os de baixa tensão, ainda desconheça essa realidade e não se mobilize. É um tema que precisaria estar mais inserido na agenda política do país. Hoje o cidadão já enxerga (e questiona) os elevados tributos que paga sobre a maioria dos produtos, mas não do setor elétrico. Para reverter esse quadro, também é necessário aumentar a transparência na cobrança e definição dos encargos e tributos. O setor precisa também de uma espécie de estudo de impacto econômico, que identifique quem paga os custos que tornam nossa energia uma das mais caras do mundo e também quem são os beneficiários por tudo o que é pago. Este estudo seria um bom começo para atacar as distorções.

Agência CanalEnergia - Que soluções a Abrace estuda para reduzir os custos com energia?

Paulo Pedrosa - A Abrace preparou para apoiar os programas de governo dos candidatos à Presidência da República a “Agenda de Política Energética – 2011 – 2014”. Entre as principais sugestões da agenda estão:

1. Energia elétricaReversão das distorções dos encargos setoriais - A proposta da Abrace é que o governo proíba a criação de novos encargos setoriais e vete as propostas de postergação da validade de encargos existentes, bem como impeça o uso das tarifas de energia como fonte de financiamento de programas cujos custos deveriam ser pagos pelo Tesouro Nacional. Além disso, é preciso eliminar das contas de luz os encargos setoriais que não têm relação direta com a geração, transmissão e distribuição de energia, bem como o financiamento de subsídios cruzados explícitos (fontes incentivadas, aquicultura e irrigação, Luz Para Todos e baixa renda) e subsídios cruzados implícitos (descontos compulsórios a consumidores rurais e empresas concessionárias de água, esgoto e saneamento), entre outros pontos.

2. Energia elétricaOferta e segurança de suprimento - A Abrace defende que o destino das concessões de geração anteriores a 11 de dezembro de 2003 seja decidido de forma célere e onerosa, de modo a favorecer a modicidade tarifária. Os valores pagos pelas concessionárias devem ser usados para abatimento da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (Tust) e do Encargo de Serviços do Sistema (ESS). É preciso também priorizar a expansão do parque gerador por meio da construção de hidrelétricas, elevando ao máximo possível a capacidade de regularização dos reservatórios. Este aspecto pode ser beneficiado pelo mapeamento e demarcação legal das reservas potenciais de aproveitamentos hidrelétricos. Nesse tópico, também é preciso garantir ao consumidor livre o direito de comercializar excedentes contratuais, além de rever métodos e processos de gestão pública na aplicação da legislação ambiental brasileira, com foco na redução de prazos de exame de pleitos de licenciamento.

3. Energia elétrica – Tributação - A Abrace recomenda que seja feita uma avaliação dos efeitos da diversidade de alíquotas do ICMS na competitividade nacional. É preciso também eliminar distorções, incluindo a aplicação da sistemática de “cálculo por dentro” do ICMS (que, na prática, faz com que a alíquota seja superior à inicialmente definida), bem como o valor da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) da base de cálculo do ICMS. Por fim, é necessário desonerar os investimentos em geração de energia elétrica.

4. Energia elétrica – Inovações - Regulamentar a implantação dos polos industriais de compartilhamento de infraestrutura e aquisição de insumos. É preciso definir o tratamento a ser dado à compra de energia elétrica e à contratação do uso e da conexão aos sistemas elétricos por grupos de indústrias instalados na mesma área.

5. Gás natural - É urgente a regulamentação da Lei do Gás e a definição das normas complementares e instruções necessárias à sua efetiva implementação. A Abrace recomenda ainda a implantação de uma política nacional para o gás natural que priorize o aumento da sua competitividade e a instituição de um planejamento integrado dos setores elétrico e de gás natural.

6. Eficiência e transparência do setor - A agenda traça recomendações em favor do aumento da eficiência e da transparência do setor no que se refere à operação e ao planejamento do sistema elétrico e do fornecimento do gás natural, aumentando a eficiência do uso dos recursos, e em relação às políticas incorporadas ao custo final da energia. Também é preciso institucionalizar mecanismos que permitam a efetiva transparência e participação dos consumidores nas decisões cujos custos lhes serão atribuídos.

Agência CanalEnergia - O que a Abrace chama de "pressões competitivas"? Quais os reflexos para os consumidores?

Paulo Pedrosa - Pressões competitivas são as forças que fazem com que as empresas em geral estejam constantemente se esforçando para melhorar o atendimento e a qualidade dos produtos e serviços fornecidos a seus consumidores. A concorrência é a principal guia desse processo. O setor elétrico tem sido protegido dessas pressões, com reflexos óbvios sobre a situação dos consumidores. No caso da energia, os consumidores ficam alijados do processo que lhes garante, em todas as outras áreas, reduções de preços e aumento de qualidade graças a esforços constantes das indústrias fornecedoras.

Agência CanalEnergia - Como está o andamento da MP 487 e o que a Abrace tem discutido sobre este tema?


Paulo Pedrosa - Felizmente essa MP caiu porque o Congresso Nacional não teve a agilidade necessária para aprová-la. De qualquer forma, esse é um exemplo de como regras que afetam o setor de energia podem ser  alteradas com pouca discussão e de forma pouco transparente, por meio de MPs que nem estão relacionadas, em princípio, com o setor elétrico (como era o caso dessa medida).


Fonte: Canal Energia
Autor: Danilo Oliveira